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quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Boas animações em cartaz

Não tenho ido ao cinema. O último filme que vi rendeu meu último post. Entretanto, naquele período em que me senti meio apática, sem vontade de escrever sobre nada... Lembram? Bem, naquele período eu fui ao cinema duas vezes. Assisti a dois longas animados. O primeiro foi “Deu a louca na Chapeuzinho”. O segundo, “Wood & Stock”.

Sobre Chapeuzinho

Lobo, lenhador, vovó e chapeuzinho à espera do interrogatório


Detesto comentar com tanto atraso, mas acho que vale a pena. Afinal, ambos ainda estão em cartaz. E, bem, acho que foram boas experiências cinematográficas. Pelo menos, para mim... Saí do Arteplex, logo após a sessão do “Deu a louca na Chapeuzinho”, bastante empolgada. Lembro que cheguei a comentar com o Flávio que este é um excelente filme para trabalhar com a questão da linguagem. Excelente para ilustrar como uma versão é sempre uma versão e, portanto, tendenciosa.

Pois é, achou que baixou a professorinha... Lembrei de um livro adorável do Pedro Bandeira, chamado “O fantástico mistério de Feiurinha”, no qual todas as heroínas dos contos de fada se encontram após o era uma vez. Elas estão à procura de uma princesa desaparecida, a Feiurinha do título. Conheci o livro no meu primeiro ano como professora de português da 5ª série. Fiquei apaixonada. Pus minha família inteira para ler... Curtinho e divertido. Todos gostaram muito. O Flávio, inclusive.

Mas acho que a única semelhança que há entre filme e livro é mesmo a temática. E, bem, talvez o fato de ambos serem recriações bem-sucedidas de histórias tradicionais. O filme é muito legal, mesmo. Crianças, certamente, não farão esse tipo de leitura, mas esse lance da linguagem é bem interessante. Explico: além dos personagens repaginados (mais modernos, digamos), a história é tratada como um crime. Pois bem, o lobo invade a casa da vovó, o lenhador aparece... Enfim, tudo tal e qual. Porém, há um flagrante e cada personagem conta sua versão da história. Ou seja, fica nítido que não existe mesmo uma verdade.


Sobre Wood & Stock

Wood e Stock resgatam a antiga banda com um porco nos vocais

Quanto ao “Wood & Stock”, tive o privilégio de assisti-lo no Odeon (que considero um dos melhores cinemas cariocas). Por acaso, era a pré-estréia e calhou de estarem lá diretor e produtora do filme (Otto Guerra e Marta Machado, respectivamente). Falaram meia dúzia de abobrinhas e caíram na besteira de falar que o curta ("Deu no jornal" - cliquem para ver!) que antecederia o longa vinha causando problemas de censura e bla-bla-blá. Pois bem, começou o filme e, embora tenha achando o curta muito legal, confesso que esperava mais. Acho que teria sido melhor eles não terem comentado nada, né!? Fiquei cheia de expectativas, poxa!!!

O longa propriamente dito eu achei um barato. Ri horrores. Mas, realmente, o roteiro é nulo (li vários comentários a respeito disso depois). Não chega a prejudicar o filme, porque as tirinhas, isoladas, são divertidíssimas. A seqüência é o que menos importa, no fim das contas. Então, que se dane se a costura de tirinhas deixou a desejar! Morri de rir com os dois coroas fumadores de orégano... E, putz, a Rê Bordosa dublada pela Rita Lee está hilária. Perfeita! Perfeita!

Em minha opinião, o único porém, em todo o filme, foi a salada de sotaques. Bem, não sei nem se é algo ruim, mas me causou estranhamento na hora. É o seguinte: a fala do Stock é de um paulistanês legítimo. Entretanto, como diretor e produtora são do Rio Grande do Sul (acho eu, pelo sotaque), a trilha sonora do filme é basicamente de bandas gaúchas. Acho até um som bastante apropriado para Wood e Stock, mas penso que entra em choque com o tal “ôrra, meu” etc. Enfim, questão de gosto. Talvez.

sábado, 18 de novembro de 2006

Em cartaz uma criança entre a Ditadura e a Copa de 70

Mauro a bordo do fusca azul de seus pais, a caminho de Sampa


Na semana passada, precisamente quarta-feira (18/11), retomei o costume de ir ao cinema enquanto espero o horário da minha aula. Cheguei ao Unibanco Arteplex ainda em dúvida quanto ao que iria assistir. Tinha olhado os filmes em cartaz por alto no trabalho, mas busquei não me fixar em nenhum. Não sabia a que horas chegaria.

Dessa vez, o Flávio não ia e só me pediu que não assistisse ao “Macunaíma” (sim, está em cartaz, mas agora só no Ponto Cine, em Guadalupe), que ele está louco para ver. De resto, disse que eu visse o que me desse na telha! Era só escolher. Mas, quando finalmente consegui chegar, só me cabia uma opção e ela era “O ano em que meus pais saíram de férias”, de Cao Hamburguer.

Não sabia bem o que esperar... Confesso que não gosto muito de assistir a filmes nacionais sem me preparar antes. Foram muitas as surpresas desagradáveis que tive até hoje. Bem, não me entendam mal, não acho o cinema tupiniquim ruim em si. Só gosto de me prevenir das bombas, porque – não tenho dúvida – elas existem. Ok, ok... Não são só tupiniquins. E esse mea culpa já está indo além do que devia. Sua função era apenas explicitar o quão indefesa eu me sentia, sem saber direito o que vinha pela frente. Mas encarei.

E foi uma agradável surpresa. O filme, narrado pelo menino Mauro, cujos pais saíram de “férias” (tão comuns durante a ditadura militar), é de uma poesia rara. Ele é deixado às pressas na casa do avô, que mora no bairro Bom Retiro, em São Paulo. Um bairro onde vive todo tipo de gente. Desde judeus poloneses como o avô a italianos, passando por gregos etc. Uma verdadeira miscelânea.

O ano em questão é 1970, ano do tri, da Copa de craques como Pelé, Gérson, Rivelino, Tostão, Jairzinho... E afins, porque nem tem cabimento escalar a seleção inteira só para falar do filme, né!? O fato é que os caras jogavam muita bola e Mauro era vidrado em futebol. Aliás, o elenco inteiro. O filme mostra bem como o Brasil parou para ver a Copa.

Mas não vou falar mais sobre o filme porque acho que vale a pena assistir. É raro ver um filme que fale sobre a dureza dos tempos de ditadura de forma tão singela, tão humana. Talvez alguém critique, diga que o filme não é crítico, não é político. Eu discordo. Acho que nada é mais contundente do que o olhar de uma criança. De mais a mais, pense que, se você não gostar do roteiro (e acho difícil não gostar), sobram os lances da Copa. Estes sempre valem a pena!

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Justa homenagem a Maria Margarida

PARA VER AS MENINAS

Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim

Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor
assim descontraído

Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito


Grande Paulinho da Viola! Já se passaram dois meses desde que escrevi neste blog. Sei que muitos devem achar que eu cansei, que perdi o tesão de escrever... Mas não é verdade. Eu adoro isso aqui. Meu silêncio também não é devido à falta de tempo. Eis uma coisa que não me falta... Mas, poxa, não vão pensando que eu sou uma ociosa, hein!? O lance é que eu descobri que o tempo é algo bastante maleável. Sempre dá para arranjar uns minutinhos aqui, outros ali.

Mas deixe eu parar com esses preâmbulos... Minha ausência nesses dois meses deve-se, afinal, a um fato bem triste. No dia 6 de setembro eu escrevi meu último post esforçando-me por falar de coisas boas. Entretanto, a realidade era que aquela tinha sido uma das poucas noites que pude passar em casa, depois de dois dias acompanhando minha avó no hospital. Meus pais tinham acabado de sair, naquele momento, para saber o que estava acontecendo com ela, tudo indicava que ela havia piorado. Não quis escrever sobre o assunto no dia e realmente, se o faço agora, é porque sinto a necessidade de me explicar.

No feriado de 7 de setembro, uma quinta-feira, perdi minha avó. Uma delas, é fato. Porque a outra ainda está por aí, lindinha e toda fofa. Mas, ultimamente, era a Maria Margarida que era a mais próxima. Morava pertinho, topava qualquer parada, minha companheira de viagens, de chope e até de pilates! Se vocês pensam que avós têm a cara da Dona Benta, seja a antiga (Zilka Salaberry) ou a atual (Suely Franco)... Acreditem, apesar dos cabelos brancos, minha avó não tinha nada a ver com esse estereótipo de vovó. Era classuda, bonita, moderna, charmosa e, pasmem, aos 76 anos, parecia uns dez anos menos. Ou seja, foi uma morte inesperada. E, bem, daí o meu silêncio.

Então, que fique aqui registrada minha justa homenagem a uma fã incondicional de Frank Sinatra. E que este seja o marco da retomada deste espaço. Tenho tantas coisas para comentar, fui a tantos lugares interessantes nesses últimos meses... Lembrem-me de falar sobre minha marajó renascida das cinzas, sobre Aracaju, Riachão do Dantas e seu bode (é sério!), sobre a pizzaria do Chico, os vários filmes a que assisti e, ora, tantas outras coisas.


Maria Margarida Meira
(30/08/30 - 07/09/06)


SERENADE IN BLUE

When I hear that serenade in blue

I'm somewhere in another world
Alone with you.
Sharing all the joys we use to know
Many moons, ago.

Once again your face comes back to me.
Just like the theme of some forgotten melodie.
In the album of my memory
Serenade, in Blue

It seems like only yesterday
A small cafe, a crowded floor
And as we danced the night away
I hear you say forever more
And then the song became a sigh
Forever more became goodbye;
But you remained in my heart.

So tell me darling is there still a spark?
Or only lonely ashes of the flame, we knew.
Should I go on whisteling in the dark?
Serenade in Blue