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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Eu leio, sim... e adoro!

Gosto de ler enquanto caminho. Pronto, falei. Podem me chamar de maluca, mas eu não leio apenas no ônibus e no metrô, nem tampouco me limito aos bancos das praças e afins ou deixo para ler no banheiro (ok, no chuveiro é mais difícil, mas adoro as embalagens de shampoo) ou na cama, antes de dormir. Há fases como a que vivo agora, em que emendo um livro no outro que me fazem ler o tempo inteiro, mesmo quando estou andando. E sei que não estou só!

Essa imagem, aliás, "roubei" do blog de um semelhante leitor-caminhante


Quando falo “o tempo inteiro”, refiro-me ao meu horário livre, bem entendido... Se bem que, ora, sou revisora de textos. Portanto, meu ofício é ler, ainda que a leitura nesse caso nem sempre seja agradável. Então, acho que só não leio – ainda! – enquanto durmo. Na verdade, não lembro bem dos meus sonhos... Ou seja...

Enfim, o que eu quero dizer com essa lengalenga toda é que ando fascinada com a possibilidade de baixar livros inteirinhos pela internet. É verdade que prefiro comprá-los, adoro uma capa bonita, gosto do cheiro do papel novo, mas há livros que a gente não encontra à venda em qualquer esquina. Como se, aliás, houvesse uma livraria a cada esquina no Rio de Janeiro... Se até pra achar bons botecos – o que se dizia ser algo tipicamente carioca – já está ficando difícil!

Pois bem, o fato é que, por mais que eu ame a literatura nacional, ando interessada em ler apenas livros escritos em espanhol (culpa do DELE!). E isso deveria ser simples (e barato), não!? Mas não é. Sendo assim, resta-me apelar para os downloads e fechar os olhos para as questões de direito autoral: imprimo duas páginas por folha, frente e verso, e está pronto meu livrinho. Fica até mais fácil para ler sem neuras por aí, pois pode amassar e sujar à vontade.

Minhas mais recentes aquisições foram: La invención de Morel, de Adolfo Bioy Casares (citado no post anterior), e El Aleph, de Jorge Luis Borges. Ambas maravilhosas. Recomendo.


PS: A quem quiser aprender a caminhar enquanto lê, recomendo a leitura (olha ela aí de novo!) do manual How to Read While Walking.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Hoje de manhã, no 413...

Tenho o costume de ler no ônibus e/ou no metrô, a caminho ou na volta do trabalho. Embora prefira o segundo, devido à sua crescente superlotação, venho me especializando em ler ao sabor dos solavancos do primeiro. Viajo prestando atenção aos que lêem à minha volta, em busca talvez de cumplicidade. Infelizmente, porém, esta é geralmente parcial e chega a ser mesmo frustrante, porque as pessoas perdem muito tempo lendo porcaria: best-sellers, auto-ajuda e afins.

Minha nada confortável sala de leitura de todas as manhãs

Por isso, hoje, enquanto lia La invención de Morel, de Adolfo Bioy Casares, que imprimi da internet (e é uma obra-prima!), olhei de rabo de olho para o livro que o senhor ao meu lado puxava de uma bolsa. Fiquei surpresa ao ver em suas mãos A audácia dessa mulher, escrito por Ana Maria Machado, autora da qual gosto muito. Quando criança, lia seus livros infanto-juvenis e, há alguns anos, descobri seus romances adultos. Entre eles, sinto um carinho especial por esse livro que conta a história da Capitu, prato cheio para qualquer amante da literatura de Machado de Assis. Como eu que, aliás, fui fazer Letras na (vã) esperança de aprofundar-me ainda mais em sua obra.

Justamente quando estava sem saber se continuava a ler o meu Casares ou se entabulava conversa com meu companheiro de viagem, um sujeito começa a pedir aos passageiros para que lhe déssemos algum trocado, pois estava doente, precisava de remédios e toda aquela ladainha de sempre... Seria apenas mais um, mas o problema era que o fulano era meio fanho e, para que a voz chegasse a todos, ele tinha que realmente gritar - E como berrava! -, o que tornava a coisa ainda mais desagradável e difícil de entender.

Olhei para o senhor, tranqüilo, que sorriu para mim e me apontou seu aparelho de surdez, fazendo sinal de que o havia desligado. Sorri de volta e pensei: “Que sorte!” Só quando o silêncio voltou a reinar, o senhor religou seu aparelhinho mágico e entabulamos uma conversa divertida sobre Machado... até que ele desceu no ponto em frente ao Calouste, e eu voltei pro Morel. Tomara que ele goste do livro tanto quanto eu, já que confessou não ser sua literatura preferida, e que eu lembre todos os contos machadianos que ele citou, para que possa buscá-los em casa ou na internet. Afinal, é sempre bom ler (ou reler) o que vale a pena ser lido.

Pena que não encontramos pessoas assim todos os dias.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tijuca, sim

Olha, eu sei que a Tijuca é um bairro violento, que não podemos fechar os olhos para as mazelas que nos cercam, que o trânsito é de lascar, que os camelôs fazem a maior bagunça na General Roca... Sei também que existem buracos da Cedae e da CEG pelas ruas... Enfim, sei de tudo isso. Estou cansada de saber, na verdade. E, embora eu ache que é preciso falar sobre o assunto – para extravasar e, principalmente, para tentar resolvê-lo –, quero deixar registrado aqui que eu não agüento mais ler e ouvir sempre as mesmas opiniões a respeito.

Até parece que não acontecem outras coisas pelo bairro! Boas, inclusive. Quando aparecem nos jornais têm sempre um tom de release... Desculpem, mas essa é a impressão que tenho. Parece que nem se dão ao trabalho de apurar a notícia, publicam qualquer coisa... Poxa! Sei que dá trabalho e que a culpa nem sempre é do jornalista, mas será que é tão difícil assim mudar o foco!? Gostaria que falassem da cultura, dos costumes, de qualquer coisa que ajudasse o tijucano a recuperar um pouco do seu orgulho... Cito aqui alguns exemplos bacanas:

1) Praça Saens Peña. O filme, com roteiro e direção de Vinícius Reis, conta a história de uma típica família tijucana, que vive num apartamento no coração da praça Saens Peña. Paulo (Chico Diaz) é professor de literatura do colégio São José, Teresa (Maria Padilha) trabalha numa lanchonete ali no Shopping 45 e a filha deles, Bel (Isabela Meireles), está para fazer vestibular e passa o tempo livre na praia da Barra. Uma proposta de trabalho oferecida a Paulo gera várias crises e põe em risco um casamento de 20 anos. O elenco é formado, ainda, por nomes como Gustavo Falcão, Guti Fraga, Maurício Gonçalves e Aldir Blanc. Tempo de Menino, composta por Pedro Luís, é o tema musical.

Paulo, Teresa e Bel: uma típica família tijucana

Tive o privilégio de assistir à primeira exibição de Praça Saens Peña no Festival do Rio 2008, às 22h30 do último domingo. É realmente muito bom. Sua fidelidade ao bairro é tanta que, apesar de se tratar de uma ficção, chega a parecer um documentário. Estão lá o que há de bom e o que há de ruim em se morar na Tijuca. Infelizmente, o Festival está chegando ao fim, e o filme foi programado para apenas três sessões. Para quem não conseguiu assistir, um alento: Praça Saens Peña deve entrar em circuito comercial no 1º semestre de 2009, às vésperas de a Tijuca completar 250 anos. Esperemos.

2) Buteco do Edu. Eduardo Goldenberg é polêmico, do tipo que as pessoas amam ou odeiam. Encaixo-me no primeiro grupo, depois de já ter trocado vários e-mails desaforados com ele. Entendo, por isso, os que se encontram no segundo grupo. Mas o fato, realmente, é que o sujeito é brilhante e escreve muito bem. Nunca vi alguém tão apaixonado pela Tijuca, e embora pense que isso, muitas vezes, beire a insanidade, recomendo a todos a leitura de seu blog. Seus roteiros – turísticos(?) – tijucanos são uma leitura deliciosa e acho lamentável que fiquem restritos a tão poucos leitores. Vejam por si mesmos se tenho razão ou não.