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segunda-feira, 16 de março de 2009

Vik Muniz, do MAM ao Getúlio

Ontem, domingo chuvoso, venci minha natural resistência a exposições e fui ao MAM para ver de perto do trabalho de Vik Muniz. Gostei, mas confesso – como em geral acontece, já que não sou muito fã desse tipo de programa – que fiquei decepcionada. Não com o talento ou a criatividade do artista, mas porque suas obras são – todas – retratos de trabalhos que ele fez com diversos materiais. Explico-me (ou tento): ele usa matérias-primas variadas, como sucata, plástico, manteiga de amendoim, algodão e até chocolate. Entretanto, nada disso está lá. A obra de arte é a foto do desenho que ele fez com o macarrão, por exemplo. É a foto das imagens que ele criou com arames ou alfinetes.

Se o prato estivesse lá, talvez valesse mais o ingresso


Ok. Alguns podem argumentar que as obras feitas com sucata não caberiam em exposição alguma. Concordo. Talvez por isso o que mais gostei na exposição tenham sido os vídeos que mostram como essas obras (com sucata e lixo) são feitas. Outros diriam, também, que o artista – ao fotografar seus trabalhos, como as esculturas em algodão – pode escolher o melhor ângulo e a melhor iluminação para a criação de um determinado efeito. Sim, sem dúvida. O fato, porém, é que senti falta do relevo que esses tão distintos materiais criariam nas obras. A fotografia, por melhor que seja, é unidimensional.

Lamento, ainda, que os textos explicativos que orientavam a exposição fossem tão sucintos. Isso, aliás, parece ser uma tendência nas exposições em geral, mas eu acho de uma pobreza... Informação nunca é demais, poxa. E, afinal, ninguém é obrigado a ler tudo. Um exemplo concreto são as imagens que recriam fotos famosas da revista Life. Ora, o textinho que introduz a série diz que o artista ficou surpreso com o fato de as pessoas nem sempre perceberem as incongruências presentes nas tais imagens, feitas de memória. Se até dele os detalhes escaparam, por que não do público? Creio que as fotos originais poderiam estar ali perto, para quem quisesse fazer a tal comparação...

De qualquer forma, devo concordar com a crítica especializada: o artista é interessantíssimo. Se eu, leiga impaciente, não gostei mais, foi apenas porque o MAM estava lotado. E aquela desordem de gente andando em ziguezague, aquele burburinho todo, me irrita um pouco. Para piorar, esqueci de colocar o boleto da pós na bolsa e tive que pagar a inteira (R$ 8). Mea culpa. Por isso mesmo, dou o braço a torcer e admito: ir ao MAM é um bom programa. Entretanto, talvez seja melhor num dia sem chuva... Para caminhar (ou andar de carrinho elétrico) pelo Parque do Flamengo, aproveitando o fechamento das pistas do Aterro para o lazer, e culminar por ali, tomando um café e curtindo uma bela paisagem. Aliás, pena que o café fica tão escondidinho... Eu adoraria que fosse de frente para a baía! Quanto à programação de março, a exposição fica em cartaz até o dia 22 e, na cinemateca, estão exibindo clássicos do cinema japonês.

***

O dia terminou – já noite – no Bar Getúlio, no Catete. Apesar das duvidosas paredes laranjas, o bar continua simpático. Bom atendimento, comidinha gostosa, chopp gelado e ar condicionado potente. Eu, Flávio, Fernando, Juliana e Rosana ficamos lá, batendo papo e adiando a hora de voltar pra casa. E já temos nossa próxima parada: o Restaurante Berbigão, diretamente de Jurujuba (Niterói) para o outro lado da esquina com a Silveira Martins. Parece promissor.