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domingo, 30 de maio de 2010

Fim de semana "cinematográfico"

Passar um fim de semana meio de molho (sem querer estar, graças a uma maldita gripe) faz com que a gente gaste todas as baterias no sábado, cuidando do básico: cabelo, depilação, remédios de manipulação, unhas... E todas as coisas das quais não damos conta durante a semana, por mais que nos esforcemos. Daí, antes de sucumbir de vez aos remédios, fazemos uma última estripulia. No meu caso, foi um "queijos e vinhos" improvisado no sábado à noite, em que me diverti horrores e me empanturrei de comidinhas, jurando passar uma semana de provações só para compensar.

Depois de um sábado quase orgiástico (quando eu deveria estar de cama, descansando ao lado de uma caixa de lenços de papel, soro para o nariz, trimedal e muita água), resolvi me resguardar no domingo. E aproveitei para ver dois filmes da minha lista de pendências. O primeiro foi Alô, alô Terezinha, documentário sobre o Velho Guerreiro, o Chacrinha, vulgo Abelardo Barbosa. Gente, eu juro que estava com preguiça de assistir, mas valeu cada segundo. Eu ri. Ri demais. E quem me conhece sabe que eu dificilmente rio. Acontece que há situações incrivelmente bizarras. E foram para o ar cenas que certamente seriam cortadas se este documentário tratasse de algum personagem mais tradicional ou se tivesse a pretensão de "academizar" o fenômeno Chacrinha. E cito, apenas a título de referência, a cena do Byafra cantando Sonho de Ícaro. Mas há outras pérolas. Ah, se há...

 
Trailer do filme Alô, Alô Terezinha, dirigido por Nelson Hoineff

Além desse filme, aproveitei para ver também Os falsários, que, a despeito de ser mais um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, é bom. Baseado numa história real, conta a história do judeu Salomon Sorovitsch, "um extraordinário falsário e boêmio", como diz a sinopse. Após ter sido preso e levado a um campo de concentração alemão em 1944, ele concorda em ajudar os nazistas em uma organizada operação de falsificação criada para ajudar a financiar os esforços de guerra: a Operação Bernhard.

sábado, 1 de maio de 2010

Cinelândia Tijucana

Fim de férias. Vida entrando nos eixos. Novo emprego, novas responsabilidades. São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que fica até difícil me concentrar em uma para falar a respeito. No momento, sou toda expectativas, a antítese da concentração. Sinto que tenho um mundo inteiro a explorar, sabe como é?

Apesar de tudo isso, gostaria de deixar registradas aqui algumas impressões que tive sobre uma leitura recente. Trata-se do livro A segunda cinelândia carioca - Cinemas, sociabilidade e memória na Tijuca, escrito por Talitha Ferraz. Fruto da dissertação de mestrado da autora, o livro é o maior barato. Especialmente, para os tijucanos. Não é uma leitura árida, apesar das inúmeras referências bibliográficas e citações, pertinentes a um texto originariamente acadêmico. Minha única crítica, talvez por vício profissional, seja com relação à revisão ortográfica propriamente dita. Não que o texto esteja repleto de erros, mas é nítido que faltou um cuidado maior com a revisão. Fica, então, o alerta para uma segunda edição ou mesmo para um próximo livro.

Eu me diverti bastante com a leitura, por vezes nostálgica. Achei interessantíssimo ler uma obra que trate especificamente da ascenção e do ocaso dos cinemas tijucanos. Afinal, a autora teve acesso a informações muito mais precisas por parte das empresas donas das salas e de antigos funcionários dos cinemas, pesquisou jornais... Coisa que ajuda, inclusive, a desmistificar algumas situações, como a do impacto da construção do Metrô na praça Saens Peña, apontada por muitos como a principal responsável pelo fim dos cinemas. Ora, como se a questão fosse assim tão simples, fruto de uma simples relação de causa e efeito. 


RESUMO
A Praça Saens Peña, localizada no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, já foi chamada de Segunda Cinelândia Carioca, Cinelândia da Tijuca e também de Cinelândia Tijucana. Em 1907, foi uma das primeiras regiões da cidade a inaugurar salas de exibição e chegou a abrigar, ao mesmo tempo, treze cinemas de rua muito próximos uns aos outros, na segunda metade do século XX, tornando-se um notável pólo exibidor que se extinguiu completamente em 1999. Do auge ao fechamento dos movie palaces e poeirinhas que compuseram esse circuito, até a entrada do modelo das salas multiplex na Tijuca, localizadas no shopping center do bairro, verificamos como o cinema, enquanto equipamento coletivo de lazer e promotor de encontros e agenciamentos entre diversos elementos humanos e não-humanos, ressoa na configuração dos espaços construídos das cidades, na vida cotidiana e no imaginário das pessoas. Assim, partindo de uma pesquisa etnográfica que envolveu entrevistas com antigos freqüentadores dos cinemas extintos e observação participante, este trabalho estuda a construção de memórias e como a experiência de espectação cinematográfica, isto é, a atividade de ir ao cinema pôde e pode constituir formas de sociabilidade, possibilitando diferentes tipos de apropriação do espaço urbano.
Palavras-chave: Tijuca, Sociabilidade, Memória, Espaço urbano, Exibição cinematográfica, Espectação cinematográfica

Título: A Segunda Cinelândia Carioca: cinemas, sociabilidade e memória na tijuca
Autora: Talitha Ferraz
Editora: Multifoco
Páginas: 322

Faça o download e confira o índice e a introdução do livro.