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segunda-feira, 13 de março de 2006

TIJUCA: “Diga ao povo que fico!”

Capa do dvd "sobre as feras do Estácio"

Muitos sabem e não tenho vergonha em admitir: sou tijucana. Convicta. Se puder escolher, não saio da região. E o mais longe que vou é até o Grajaú, como quando fui experimentar os tais pastéis do Bar do Adão (aliás, recomendo, pura perdição...). Adoraria, porém, se houvesse cinemas decentes na área. Algo além desses cinemas de shopping – no Iguatemi ou no Tijuca – que só passam blockbusters intragáveis. Não foi à toa que criei a comunidade “Cadê os cinemas da Tijuca?” no orkut. Singela tentativa de expressar um descontentamento que não acredito ser exclusividade minha.

Há alguns meses, venho buscando informações sobre toda e qualquer exibição cinematográfica que ocorra na Grande Tijuca. Descobri que o Sesc, vez ou outra, exibe bons filmes (o que mata é o horário ingrato). Outras opções são a biblioteca popular (mais uma vez: o horário...) e o Teatro Ziembinski. E é sobre esse último que eu quero falar.

Fico chateada em pensar que esse espaço, público, é tão pouco freqüentado pelos moradores das redondezas. Acredito que os principais problemas sejam a divulgação (péssima, por sinal) e a programação precária. Porque o local é excelente, confortável e, por ser pequeno, bastante acolhedor. A qualidade técnica é bastante boa também... Mas as peças de teatro... É até difícil saber o que está ou não em cartaz! Mas, além disso, essa história de fazer teatro num país que só da valor ao mass media é complicadíssima. A bilheteria de peças que não tenham “celebridades” em seu elenco é pífia. E não compensa investir pesado em produção para um teatro tão pequeno, porque o retorno seria sofrível.

Entretanto, nem tudo está perdido. Se a parte teatral propriamente dita está comprometida, a cultura em geral ainda dá provas de resistir. Em 2005, fui a pelo menos dois grandes eventos multimídia no Ziembinski: Motim e Expressões. Em ambos, havia música, teatro, artes plásticas e, principalmente, cinema. Achei tão interessante que acabei sugerindo que a festa da C.A.S.C.A. (Confraria dos Amigos do Samba, Choro e Angu), marcada para novembro no teatro, seguisse o mesmo modelo.

Quis o destino que a sugestão fosse acatada, mas ao invés de comemorarmos o sucesso do que seria a terceira festa da confraria, acabamos celebrando o que parece ter sido o fim da C.A.S.C.A.. A festa foi, na verdade, a segunda. E foi uma homenagem a nosso amigo Diogo Duarte, cuja morte prematura impediu a realização do que teria sido a segunda festa. Nesse dia de tristeza, pudemos compreender que o Ziembinski não poderia mesmo dar certo. Pelo menos, não com aquela administração intransigente que acabou impedindo que crianças e adolescentes da família de Diogo comparecessem à homenagem. A dor, que já era grande, tornou-se insuportável. E isso graças a um sujeito chamado Ivan... Mas isso, agora, é passado.

Hoje, crianças e adolescentes não são mais barrados no teatro. Essa foi uma atitude tomada pela direção assim que tomou conhecimento do problema. Além disso, amigos e parentes de Diogo Duarte esperam que a promessa de afastar o temeroso administrador tenha sido cumprida... Até fevereiro, esperavam o fim do contrato, que não seria renovado. Estive lá, mais uma vez, para assistir a um evento multimídia: a exibição do documentário “O rugido do leão”, seguida da apresentação da bateria da Estácio de Sá. O filme, produzido pelo Grupo Cultural Memória Berço do Samba e pela Bogotá Filmes, conta um pouco da história da escola de samba Estácio de Sá. Dirigido por Leonardo Pirovano, o documentário superou minhas expectativas e merece continuação (ainda mais agora que a escola voltou ao Grupo Especial). Quem puder, veja. Vale cada um dos 40 minutos de duração.

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