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sábado, 31 de março de 2012

Arteterapia, um novo caminho a trilhar

Comecei esta semana o meu curso de formação em arteterapia. Não sei o que esperar, não faço ideia do que farei com isso, mas sei que tive vontade de fazer e me pareceu uma boa experiência: leve, rica e divertida. Logo na primeira aula, nos pediram para criar uma "joia" utilizando o material disponível (contas de várias cores e tamanhos, fios...). Não tive muita dúvida em me decidir por um colar, do tipo mais simples possível. Então, peguei uma conta e decidi que ela seria o fecho.

Cortei apressadamente um pedaço de fio, medindo-o timidamente no meu pescoço. Escolhi uma pedra maior, bonita, para ficar no centro e algumas outras para ficar na lateral. Não vivi grandes dilemas, não tive insights, apenas queria terminar aquilo logo, me desincumbir da tarefa que me deram. Foi quando me dei conta de que o fio que eu havia cortado era pequeno demais. Na pressa, na ânsia de terminar logo, eu havia medido sem considerar que eu precisaria dar um nó na outra extremidade, para fechar.

Que fazer? Adaptar-se, obviamente. Cortei outro fio, de outra cor (porque o fio da cor original havia acabado), recoloquei conta por conta, dei o nó, experimentei o colar e dei meu trabalho por terminado. Não fez muita diferença terminar logo, já que eu tive que esperar todos terminarem... E fiquei sinceramente surpresa com um ou outro colar que vi surgir, em tão pouco tempo. O meu colar, embora o resultado final tenha me deixado ligeiramente orgulhosa, era tão pueril perto de alguns... Deu um misto de raiva e inveja, até, mas passou rapidinho.

Em seguida, recebi papel e caneta para escrever sobre a experiência, mas o fato é que prefiro digitar. Por isso, resolvi abrir espaço aqui no blog para o relato. Não sei se farei isso outras vezes, mas achei que valia a pena compartilhar esta primeira experiência, que me fez ver como minha cabeça funciona. Eu gosto de estabelecer objetivos, não curto andar à deriva. Mas entendi, com o tempo, que não adianta a gente ser rígido demais, porque o desfecho nem sempre é o que a gente planeja. É preciso adaptar-se. Tal qual eu fiz com o singelo fecho do meu colar.

Eis o tão falado colar... Só falta tirar foto do fecho! rs

sábado, 10 de março de 2012

Eu tenho um vício...

Sim, um vício: eu gosto de sapatos. Ok, não chego a ser nenhuma Imelda Marcos. Estou até bem longe disso... Meu vício, atualmente, está sob controle. Não tenho mais comprado tantos sapatos e tenho me esforçado para usar os que tenho. Quando percebo que não os suporto mais, que machucam meus pés ou que estão vergonhosamente caindo aos pedaços, sem mais remédio que não jogá-los no lixo ou doá-los, faço isso sem pena. E pronto.

Para me ajudar na tarefa, criei o Aos meus pés. Trata-se de um tumblr em que brinco de exibir meus sapatos e meus pés, para registrar o modelo que estou usando ou mesmo a cor do esmalte da vez. A ideia surgiu uma noite na Lapa, em conversa com a Juliana e a Mila, amiga dela. A esta última, que conheci naquele dia, devo o nome e a própria solução para o problema. Jamais esquecerei! 

O legal é que isso acabou virando uma brincadeira: volta e meia paro no meio da rua, celular em punho para fotografar meus pés. Imagino o que as pessoas não devem achar... Uso o Instagram para fotografar ou, ao menos para tratar as fotos e publicar no tumblr. Ah, a modernidade! O que seria de mim sem um iPhone e uma conexão 3G, ainda que tosca como a da Tim? Quem me viu quem me vê... rs

Desde o início, para evitar a repetição desnecessária de sapatos, busco compartilhar, também, outras imagens, vídeos, músicas e textos relacionadas a pés e/ou sapatos. Recentemente, passei a aceitar visitantes e tenho incentivado meus amigos a enviar fotos de seus próprios pés ou sapatos. Para isso, basta que os interessados me enviem suas fotos para análise. Se eu achar que vale a publicação, vai pro ar. Simples assim... Alguém se anima? ;-)

Ah!!! Hoje, meses depois da primeira publicação, é um dia histórico... É a primeira vez que repito um modelo, minha botinha da Imporium que tanto amo. A foto foi tirada em outubro, na viagem que fiz com minha prima Gê e a Elisa, autora da foto (que só agora a enviou). Afinal, estávamos na terra de Van Gogh e, na boa, minhas botas parecem inspiradas no quadro dele, não? 


Minhas botinhas, clicadas por Elisa Madi em Amsterdam (out./2011),
podem ser vistas em aqui.


Os famosos sapatos de Van Gogh. 

quinta-feira, 8 de março de 2012

As manias de Dona Gatinha

Minha gata é velha. Era da minha avó, que adorava gatos e que a deixou de herança para o Flávio, que foi adotado por ela quando minha avó morreu. Ela é de 98 ou 99, não tenho certeza, e apareceu aqui ainda filhote, arredia que só. Flávio morreu, e a Gatinha não teve outro remédio que não me adotar. Me faz companhia quando estou em casa, resmunga por tudo (e eu resmungo de volta, claro). É uma faminta com TOC, pois o pote de comida precisa estar sempre cheio. E a comida deve ser constantemente sacudida. Além disso, ela exige plateia para comer. Um porre, mas tenho visto que isso é normal. Gatos são assim e, assim como nós, suas manias não melhoram com o tempo. Pioram, e muito. 

Ontem, percebi que minha gata, além de velha, é burra. Porque, ao sentir-se acuada por dois cachorrões que passavam pela rua, ela - que estava no jardim, protegida pelas grades do portão - correu na direção deles. Quase virou patê de gato na minha frente. Ninguém me contou: eu vi. E, sinceramente, não poderia culpar os cachorros caso conseguissem o intento de mordê-la. Ainda que fosse brincadeira, como sugeriu a dona deles... Ok, sei que ela estava estressada com a presença do pintor velho e surdo que está trabalhando aqui em casa, mas não consigo compreender o instinto suicida dessa gata doida. Penso que talvez seja alzheimer. Gatos também têm isso?

Creio que, com o passar dos anos, ela vem esquecendo os princípios básicos de sobrevivência... Isso, aliás, explicaria as brigas que ela vem tendo na rua com os gatos da vizinhança. Os mesmos gatos que, se invadirem minha casa para roubar a comida dela, ela é incapaz de se mexer para impedir. Vá entender uma coisa dessas... Na rua, ela é uma fera e atualmente exibe no lombo dois ferimentos de batalha. Ah! E antes que me perguntem... Sim, ela é castrada. E, não, não costumava brigar pela rua... Ah, se minha avó visse isso... Ficaria preocupadíssima!

Hoje, novamente, ela me deu provas consistentes de sua crescente inaptidão. É o seguinte: o já mencionado pintor velho e surdo tirou um banco velho do lugar. Este banco ficava na frente da casa, debaixo da janela por onde Dona Gatinha costuma sair para passear na rua. Ela sai sem problemas, mesmo sem o banco; o problema é a volta. Lady Cat, esta frajolinha anciã que está aqui do meu lado encarando a estante (como de costume) não tem mais segurança para dar grandes saltos (apesar de se meter em brigas na rua, note-se mais uma vez). Então, como ontem ela resgungomiou pra cacete antes de pular para a janela, resolvi facilitar o acesso hoje. Antes, encorajei-a a simplesmente pular como ontem. Não rolou. Por isso, saí, peguei uma cadeira e botei embaixo da janela, exatamente onde costumava ficar o banco. Ela olhou, cheirou, resmungomiou infinitamente.... E nada.

Saí novamente, ela fugiu de mim. Voltei, busquei ração e saí feito uma idiota pela rua tentando convencê-la de que sou uma pessoa legal e não estava tentando matá-la. Levou tempo. Isso porque sou eu que a alimento todos os dias, escovo o pelo dela, enfim sou mucama desta gata maluca. Mas, bem, como eu já disse lá em cima, parece que isso é assim mesmo, né? Gatos... ;-) 



Tá olhando o quê? Vai encarar?

Vem Gatinha, pode entrar...



quinta-feira, 1 de março de 2012

O bolo espatifado

O ano era 2007. Eu ia casar e andava às voltas com os preparativos da festa. Havia acabado de contratar a Kika para botar ordem no terreiro, porque logo me dei conta de que precisava de ajuda. Definitivamente, organizar uma festa para 200 pessoas e definir quem será convidado ou não é muito, muito, muito complicado. Só quem passou por algo parecido sabe como é... É aquele primo distante do seu pai que ele insiste em convidar porque, décadas atrás, chamou para o casamento de um filho. Ou aquela amiga da sua mãe que você não suporta, mas que ela faz questão de chamar. E você não pode dizer não, porque o dinheiro não está saindo do seu bolso... Um inferno.

Naquela terça-feira, eu tinha marcado uma reunião com a Kika para começarmos a definir alguns detalhes do casório, marcado para outubro. Acontece que, naquele dia, 24 de abril, Flávio completava 38 anos e aproveitaríamos também para comemorar. Eu ainda não trabalhava na CNC, mas lembro de ter ido à Casa de Espanha para ter aula à noite. A marajó ainda existia. E, se não estou embaralhando tudo, foi nesse dia que precisei trocar pela primeira vez o pneu do meu carro.

Não faço ideia de quando comprei o bolinho para o Flávio e tampouco sei se foi na Lecadô ou na Tati. Certamente, num dos dois lugares. Lembro, apenas, de sair da aula e descer para o estacionamento, onde peguei o carro e segui para a saída. Chegando lá, me dei conta de que um pneu estava vazio. Ninguém me ajudou sequer a encostar o carro. Muito menos a trocar o pneu. Meu professor passou de moto por mim, rindo, e não deu a mínima. Aliás, foi naquele momento que percebi que não valia a pena manter qualquer relação extraclasse com ele. Liguei, então, desesperada para o Flávio, que disse que estava indo para lá, mas ia demorar.

Eu já havia marcado com a Kika na Tijuca e fiquei com medo de não conseguir chegar a tempo. Então, botei mãos à massa. Flávio chegou quando eu estava terminando o serviço, bem a tempo de me ajudar com os apertões finais. Confesso que me senti meio orgulhosa. Fomos, então, encontrar a Kika no Baobá, que já nem existe mais. Creio que estávamos eu, Flávio, ela, Michelle, Jaqueline e, provavelmente, Juliana. Conversamos, cantamos parabéns, comemos bolo.

Entramos na marajó. Não lembro se todos, mas o que me faz acreditar que a Juliana estava junto é que viramos na Conde de Itaguaí e descemos a Conde de Bonfim em direção à Praça. Seria a única razão para viramos para lá, já que a Michelle mora perto de mim, a Jaque mora perto do Sesc e a Kika, no Grajaú. Na última vez em que toquei neste assunto com a Jaque, ela disse não lembrar desse dia. A Michelle também não lembra direito. Não sei a Juliana...

Bem, tudo isso é porque ontem eu estava andando a pé pela Conde de Bonfim, voltando para casa, e passei pela esquina da rua Henry Ford. Com isso, lembrei do dia em que fiz a curva com o resto do bolo do Flávio esquecido em cima do carro. Pessoas, na esquina, fizeram sinal para me alertar de que havia algo fora de lugar, mas não dei importância. Fiz a curva com vontade e só ouvimos o ploft. Levamos um tempo até identificar a origem do som. Rimos. Decidi escrever porque minha memória já não é mais a mesma e achei melhor deixar registrado. Talvez não tenha sido nada disso, talvez tenha misturado tudo... O tempo é traiçoeiro e prega peças na gente. Não importa. Deixo aqui o que lembrei. Porque o bolo era uma delicia e fiquei chateada por ele ter se espatifado no chão. Antes o tivesse deixado para os garçons.

Nem todo gato que cai da janela tem um fim tão triste
quanto o do bolo de aniversário espatifado...