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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Feriadão de Natal - 2ª parte

Retomando o rumo da prosa...


No sábado, depois de tirar uma soneca à tarde (com ar condicionado ligado que ninguém é de ferro e o ventilador só fazia espalhar o ar quente), fomos ao Estação Barra Point ver Bastardos inglórios, do Quentin Tarantino. Acho que foi a primeira vez que realmente gostei de um filme de ficção sobre a II Guerra Mundial. Justamente por ser ficção. O filme altera completamente os fatos, adultera a História e faz com que a gente saia do cinema de alma lavada. Eu teria gostado mais se a versão fosse menos pró-EUA, é verdade. Porém, acho que o filme cumpre bem o seu papel de ficção e ajuda na catarse coletiva. Se há por aí quem adultere os fatos no intuito de dizer que não houve Holocausto, por que não adulterá-los para mostrar uma reação que não houve? É como quando a gente engole um sapo e fica sem resposta. Aquilo fica ali, na garganta, sem ter como sair. E a gente fica pensando em tudo que poderia ter dito, tudo que poderia ter feito e começa a pensar nos mais variados "se...", nas inúmeras possibilidades que teriam ocorrido. Na vida real, a gente raramente tem a oportunidade de resolver isso. Daí, a importância da ficção. Saí do cinema feliz, apesar de terem desligado o ar condicionado durante boa parte da exibição (tremenda maldade, ainda mais com o calor que tem feito no Rio).



Domingo, depois de assar em casa mais um pouco, terminamos de ver a temporada de Bored to death, série bacaninha do HBO que desistimos de acompanhar pela TV e acabamos baixando pra ver quando bem entendêssemos. São apenas oito episódios, mas os três últimos são muito divertidos. Não conseguimos parar. Para quem nunca ouviu falar, é a história de um escritor fracassado, abandonado pela namorada por ser alcóolatra e maconheiro. Frustrado, decide postar um anúncio na internet, no qual se oferece como detetive particular. Vale uma conferida. O humor lembra um pouco Woody Allen, até porque o protagonista é baixinho e judeu. Ok, ele nem é tão feio quanto Allen, mas é bem esquisitinho... O clima noir é bem interessante, a produção é caprichada e os personagens coadjuvantes são muito divertidos. Principalmente o chefe maluco do escritor-detetive. O cara é uma figuraça! Para mim, é de longe o melhor da série...



No fim do dia, decidimos ir até o Unibanco Arteplex, em Botafogo, para ver Abraços partidos. Decididamente, eu amo os filmes do Almodóvar. Amo as cores, as músicas, os argumentos, os diálogos passionais, o exagero que permeia tudo. Dessa vez, não foi diferente. Recomendo muitíssimo. Se me perguntarem, porém, se apontaria algum defeito no filme, este seria apenas sua duração. Considerei-o excessivamente longo, é fato. Mas foi um tantinho de nada, juro. E foi um tantinho cheio de música, de riso, de cor, de história. Não pesou, não. Pelo menos, para mim. Eu, na verdade, teria ficado lá acompanhando mais um tempo o desenrolar dos fatos. Como se fosse uma série ou novela de TV, o fim poderia perfeitamente vir seguido de um "A seguir, cenas do próximo episódio/capítulo". Eu, apaixonada que sou, teria ficado lá. Ainda mais que, ao sair, um temporal desabava sobre o Rio de Janeiro. Péssimo prognóstico para o réveillon, aliás...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Feriadão de Natal - 1ª parte

Sobrevivi a mais um Natal. Este ano não foi possível reunir todo mundo num lugar só, como seria o ideal. Não quis fazer a ceia novamente em minha casa, porque as cachorras destruíram meu jardim e a casa está precisando pintar. Fica para o ano que vem, com alguma sorte... Gostaria que minha mãe tivesse feito as vezes de anfitriã, mas não rolou. Resultado: passadinha rápida na casa da minha prima Aninha, em Laranjeiras, Metrô até a nova estação de Ipanema e ceia na casa da minha tia Acácia, com a família do meu pai. Almoço na casa da minha mãe no dia seguinte. Flávio desistiu de ver os pais e o irmão em Magé. No mais, gostei dos meus presentes, com destaque para o brinco verde que minha tia Miriam fez, a bolsa de estampa de gato com bolinhas que minha tia Acácia deu e o livro Caim (José Saramago), presente do meu tio Carlos.

Mais um livro presumivelmente iconoclasta
de Saramago que mal posso esperar para ler

O melhor mesmo deste Natal, porém, foi o fim de semana que o seguiu, tornando-o um feriadão. Fazer as unhas e sair para ver o comércio num dia de semana à tarde não tem preço - ok, teria sido melhor se fosse um dia comum, não tão quente, com comércio aberto no horário normal, sem tanta gente desesperada fazendo compras de última hora - e isso não é propaganda de cartão de crédito.

Foi bacana ler na rede com as cachorras ao lado (nem sempre exatamente ao lado, já que elas tentaram subir na rede inúmeras vezes), ir ao cinema, beber com amigos no Da Gema (especialmente com a Jaque, que raramente aparece por estas bandas e ainda não conhecia o bar, seu maravilhoso pastel de feijão gordo e suas cervejas estupidamente geladas), depois do cinema. Foi um fim de semana para botar algumas coisas em dia. Dividi-o em dois posts, porque achei que o texto ficaria longo demais. Parto da seguinte premissa: se nem eu tiver muita paciência para ler, é porque o texto precisa ser cortado.

Li Nove noites - o livro que ganhei de amigo oculto da Julie, lembram? - de uma levada só, afinal era fininho e a narrativa fluiu bem. Confesso, porém, que o fiz com o maior dos cuidados, para trocá-lo na Saraiva. Por mais que tenha sido uma leitura agradável, não era um livro que eu fizesse questão de manter na estante e já que podia trocá-lo, por que não? Na verdade, fiquei um pouco decepcionada com o final, que me pareceu um tanto batido. E achei o enredo um pouco confuso, embora não seja nada que comprometa a leitura. Gostei, só não achei genial. Esse lance pós-modernista que mistura realidade e ficção é algo que me agrada, mas ainda prefiro ler Saramago (daí ter ficado felicíssima com o presente do meu tio) ou mesmo Em liberdade, do Silviano Santiago, que dá continuidade às Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos.

O ruim da Saraiva é que a gente chega lá para trocar o livro e acaba saindo com, pelo menos, dois. Foi o que aconteceu comigo dessa vez. Encarei o temporal que caía no fim do expediente, o Metrô caótico (um vagão a menos e sem ar é muita sacanagem!) e rumei para o Shopping Tijuca. Eu já sabia que acabaria desembolsando algum, mas exagerei. Não consegui me decidir entre o último romance do Rubem Fonseca (O seminarista), embora prefira seus contos, e o penúltimo do Saramago, que eu ainda não tinha: A viagem do elefante.

O do Rubem Fonseca eu já comecei a ler na fila mesmo, enquanto esperava para pagar, mas acho que não vou retomá-lo já, não. Quero terminar A alma encantadora das ruas, coletânea de crônicas de João do Rio. Divirto-me muitíssimo com cada crônica, porém é uma leitura que tenho tido dificuldade em engrenar. Culpa do Metrô, que anda caótico! E do sono que venho sentindo pela manhã no 413...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O fim de ano e os amigos que se ocultam

Já há anos que aprendi a me desvencilhar dos amigos ocultos (ou secretos, como chamam alguns). Não gosto deles e não faço segredo disso a ninguém. Acho um porre ter que comprar presentes para pessoas que mal conheço. Detesto presentear por obrigação. Além disso, geralmente não ganho o que peço. Na maioria das vezes, recebo coisas pouquíssimo úteis ou interessantes. Fujo, portanto, dessa instituição que é o amigo oculto. Amigos, prefiro-os às claras. E tenho dito.

Pois bem, este ano não resisti e acabei sucumbindo a dois sorteios. O primeiro foi com a galera da pós, que organizou um amigo oculto só de sandálias havaianas, com direito a sorteio pela internet. Pensei com meus botões: "Gosto de havaianas, devo ganhar alguma, ainda que de outro modelo ou cor, e, se não gostar, é só trocar. Seria muito azar ganhar uma ipanema ou, pior, não ganhar nada". Participei e deu certo. Dei sorte, o modelo que precisei comprar era fácil de encontrar e não tive muito trabalho. Mas, confesso, continuo achando uma brincadeira boba... Afinal, nunca troquei mais que meia dúzia de palavras com a pessoa que tirei e, com a que me tirou, falei menos ainda (tenho até vergonha de dizer que só sei seu nome porque a sandália veio com etiqueta de/para). E não acho que isso vá mudar - e se acontecer não será por conta do amigo oculto - até o final do curso.

Minhas novíssimas havainas
tressê exotic rosa bebê

O outro amigo oculto foi mais "no susto" e quase imposto por minha querida amiga Julie. A ideia era reunir a galera da Letras/Uerj na Lapa para uma troca de livros. Bem que esperneei, reclamei, me fiz de vítima... Nada funcionou. Como assim eu não queria participar do amigo oculto? Julie já não acredita mais nos meus traumas... Humpf! Qual o problema em sermos ligeiramente hiperbólicas vez ou outra? Um pouco de drama, às vezes, cai bem...

Tive um trabalho hercúleo para conseguir comprar dois livros de literatura (afinal, obriguei meu digníssimo marido a participar) para amigos que seriam sorteados na hora. Tentei passar na única livraria que abre até tarde na Tijuca, a Saraiva do shopping, mas o caos estava ali instalado. Semana do Natal, né!? Mais do que esperado. Máquinas de conferência de preço não funcionavam, livros empilhados fora dos lugares corretos, pessoas se esbarrando, fila impedindo a conferência dos títulos nas prateleiras... Desisti. Antes de pegar o ônibus, ainda dei uma olhadinha na banca do Julio, em busca de bons livros usados em bom estado, também em vão.

Só no dia marcado é que resolvi aproveitar minha hora de almoço para caminhar até a praça XV. Fui direto no Al-Farábi, onde sabia que seria mais fácil encontrar exatamente os livros que gostaria de presentear. Até pensei em comprar livros de bolso na Folha Seca, por exemplo, mas achei que dificilmente encontraria algo que me interessasse de verdade. Não me entendam mal: gosto de livros de bolso, principalmente os da L&PM Pocket, que traz bons títulos... Mas eu cismei de comprar algum livro da Ana Maria Machado (que a maioria só conhece como autora de livros infantis); ou o Viva o povo brasileiro, do Ubaldo; ou A invenção de Morel, de Casares; ou Tia Julia e o escrevinhador, do Vargas Llosa; ou Todos os nomes, do Saramago. Era isso o que eu gostaria de comprar, ainda que fosse um livro usado. Porque livro de bolso todo mundo compra, mas esses títulos que citei raramente são oferecidos nessa versão e custam, por isso, muitas vezes, o triplo. Afinal, livro é caro no Brasil... e eu estava decidida a não gastar mais de R$ 30/R$ 40 nos dois livros.

Entrei na Al-Farábi e encontrei um título que há séculos indico à Julie: A audácia dessa mulher, da Ana Maria Machado. Estava em estado razoável e decidi levar. O único problema é que eu gostaria de dá-lo à Julie, mas isso eu não tinha como prever. Encontrei uma edição do livro do Vargas Llosa, mas com a lombada descolando. Não quis arriscar e peguei um García Márquez: Ninguém escreve ao coronel, que nem todo mundo leu (mesmo que tenha se formado em Letras, e talvez por isso). Estavam comprados, portanto, os tais livros. Passei numa lojinha da 1º de Março e comprei os embrulhos (porque eles deviam estar embrulhados). Missão cumprida, fui almoçar.

Sozinha que estava, aproveitei para conferir o sugestivo Ler Café (Dom Manuel 26 pertinho do Paço - Tel. 2215-2866). Sempre passo por lá quando resolvo gastar minha hora de almoço pelas imediações do Paço Imperial. Infelizmente, apesar das simpáticas cadeirinhas de palha, dos poemas escritos pelas paredes, dos livros dispostos na estante, nunca consegui convencer ninguém a me acompanhar até ali. Nem para tomar um cafezinho, que dirá para almoçar! Aproveitei minha solidão momentânea para entrar e pude escolher o lugar (afinal, o Judiciário tem recesso... eu é que não): um sofazinho de palha bem no canto. Peguei um livro entitulado Antigos cafés do Rio de Janeiro, de um mineiro chamado Danilo Gomes, pedi uma salada com um miniempadão de frango (deliciosos, ambos) e fiquei ali, folheando o livro emprestado ao som do CD da Mart'nália. Tomei meu café e saí, até meio triste, de volta à labuta. Num mundo perfeito: o amigo oculto seria de tarde, naquele café. Juro.

Fim de expediente. Carro (fui trabalhar motorizada para escapar do caos que havia se instalado no Metrô por conta da inauguração da estação em Ipanema e das mudanças na Linha 2). Praça Saens Peña. Academia. Lapa. Ruas e bares às moscas. Chopperia Brazooka. Galera no 2º piso. Calor infernal. Música alta por conta de um grupo chato de pagode (alguém da casa tentou me convencer de que era de samba) que tocou todos os hits do Djavan (alçado ao posto de sambista-mor, pelo visto). Cerveja quente (música/barulho dá para relevar, mas cerveja cara e quente é imperdoável). Amigo oculto? Impraticável. Consumimos os R$ 10 obrigatórios, entramos na fila para pagar (parece que todos tiveram, juntos, a mesma ideia) e saímos, rumo ao Cosmopolita. Lá, os fumantes ficaram à vontade para acender seus cigarros, a cerveja estava gelada, o ar noturno, agradável, e o amigo oculto pôde rolar sossegado. Antes tívessemos ido para lá desde o início.

Deu tudo certo. Flávio tirou uma menina (Juliana, acho) que acabávamos de conhecer e que espero que compreenda o livro de sebo (tomara que goste de García Márquez e/ou que ainda não tenha lido esse título; caso contrário, sugiro que vá ao Al-Farábi e peça para trocá-lo). Ele, por sua vez, ganhou o livro de poemas (cujo título é Risos, choros, suspiros e gemidos) escrito por um dos membros do grupo (André Oliveira, mais conhecido como Maradona). Autografado, lógico. Não somos, ambos, muito de poesia, mas parece interessante. Eu tirei o Fernando e, com isso, o livro acabou indo pra Julie, por tabela. A Julie foi tirada pelo Casaes, que lhe deu um livro de nome soturno (Diário do diabo, de Nicholas D. Satan) que o Fernando amou. O Casaes jura que o livro é divertidíssimo, registre-se. A Julie, então, me deu um livro do Bernardo Carvalho, chamado Nove noites, sobre os quais nunca ouvi falar (livro e autor). Ela diz que devo gostar e assim espero. Infelizmente, ninguém lembrou de tirar fotos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Juiz de Fora afora*

A pedidos, quero aqui relatar - embora com bastante atraso e de maneira breve - o passeio que fiz a Juiz de Fora (MG) no feriadinho de Finados. Quis aproveitar a estadia da Fárida na cidade, pessoa querida com quem estudei na Facha e que havia decidido morar uns tempos com sua mãe. E ainda bem que fui, porque ela já até voltou a morar no Rio... Serviu para eu, pelo menos, conhecer mais um cantinho do mundo, ainda que perto de casa. Para quem não sabe, para chegar a Juiz de Fora, basta pegar a BR-040 até o fim. A estrada não é ruim, mas a viagem tem um ônus... Aliás, três: são três pedágios bem carinhos. Mas vale a pena, principalmente se você puder esticar o passeio para outras cidades mineiras, como Ibitipoca, com suas cachoeiras. Não foi o meu caso. Quem sabe numa próxima vez?

Cheguei lá no sábado, dia 31 de outubro, já na hora do almoço. Comemos num bom restaurante a quilo e partimos a pé para conhecer o centro da cidade. Comprei uma saia social e algumas roupas de ginástica no Santa Cruz Shopping. Pena que era véspera de feriado e várias lojas estavam fechadas, mas só esse lugar já valeria uma ida a Juiz de Fora. São inúmeras lojas de confecção própria, com roupas bacanas a preços muito em conta. Além disso, comemos doces da Fábrica de Doces Brasil. Não experimentei o famoso chapéu de napoleão (que a Fárida ama), nem vi nenhuma josefina (nosso casadinho ou xuxa-pelé), mas comi uma boa bomba de chocolate (embora feia, sem a cobertura)... Antes de voltar, passamos no museu Murilo Mendes e lemos alguns poemas concretos pelas paredes. Achamos meio pobrinho, mas interessante. À noite, fomos a um lugar que a Fárida não conhecia, mas sobre o qual eu havia lido a respeito em algum site: a Cervejaria Barbante, que fabrica sua própria cerveja. Adorei o lugar e a cerveja (que não deixa gosto de barbante na boca, apesar do nome... Embora só tenha tomado um golinho, pois estava dirigindo).

Eu e Faridinha (que estava bebendo Coca-Cola, juro!)
na Cervejaria Barbante

Aqui o rótulo que não me deixa mentir

No domingo, 1º novembro, dia de todos os santos, fomos passear no parque Mariano Procópio. Uma graça. Pena que não deu para visitar o museu, porque está em reforma. E pena também que meu digníssimo marido não comprou pilhas novas para a máquina e, graças a isso, temos pouquíssimas fotos de nosso fim de semana mineiro. De lá, fomos ao Cristo (sim, lá há um cristo!), no Morro do Imperador, almoçamos num lugar que vende doces - chamado Salva-Terra, onde a Fárida se encantou com um tucano que voava livremente - e tomamos uns maravilhosos-divinos-extraordinários sorvetes artesanais numa sorveteria chamada Bom Clima. Depois, tomei um café com morango (lindo e perfeito) e um doce delicioso numa cafeteria que, se não me engano, chama-se Café com Morango (dã!). À noite, fomos a um bar chamado Mercearia, de esquina, com uns armários antigos lindíssimos. Interessante, mas o padrão dos bares dali lembra um pouco o que virou a Lapa carioca, hoje. Com o que há de bom e de ruim. Tem até flanelinha!


De lentes transitions lá no alto do cristo juiz-forano

E, então, o feriado chegou... Pegamos a estrada tão logo acordamos, porque haveria um almoço de família na casa dos meus pais. Confesso que quase desviei do caminho, quando passei pela entrada para o meu Jardim Araras. O cheiro do cedro me deu uma vontade de visitar o sítio, molengar de frente para pedra Maria Comprida, tirar um cochilo na rede, na varanda... Mas eu não havia levado a chave, e sem o Zé por lá o sítio não é mais o mesmo. Resisti bravamente e cheguei bem na hora do almoço. Mas não vejo a hora de dar um pulinho no sítio.

* Infame, mas não resisti...

domingo, 8 de novembro de 2009

E chegou a segunda-feira...

Depois de muito ponderar, acabamos indo ao passeio de barco mesmo. Parecia promissor, mas achei bem fraco. Os passeios da Ilha Grande, apesar de contarem com uma infraestrutura um pouco menor, são infinitamente melhores, têm mais variedade. Explico-me: em Paraty, você chega no cais e encontra uma infinidade de barquinhos; o preço-se é o mesmo, assim como o passeio. Trata-se de um único roteiro com poucas varições. Pelo menos, esta foi a impressão que tive.

A Jaque queria ver se encontrava um barco em que uma conhecida trabalhava como cozinheira. Talvez, assim, ela conseguisse um bom desconto. Demoramos, mas encontramos. Acontece que a tal menina estava de licença, porque havia machucado o pé ou algo do gênero. Quase desistimos, mas aí já seria um pouco tarde para tentar ir a Trindade. Então, acabamos conseguindo um descontinho num barco ao lado, no qual um primo da dita cuja trabalhava.

Só que o passeio demorou a começar, porque não havia muita gente. As pessoas foram, aos poucos, aparecendo e um grupo muito estranho se formou. Éramos nós três (porque o Diego foi trabalhar), um paulista solitário que ficou de papo com a gente o tempo todo, dois casais de São Paulo com uma criança, sendo que uma das mulheres tinha uma voz irritantemente fina e chata (pior que a da minha tia-avó Luiza), e um grupo mais coroa que se isolou lá na frente do barco.

Fizemos duas paradas para mergulho e levamos uma eternidade na praia em que paramos para almoçar, onde um mala ficou testando o motor de sua lancha, espalhando óleo e fumaça para todo lado. De repente, o tempo começou a virar e a volta precisou ser antecipada. Foi só o tempo de pegarmos o carro e chegarmos na casa da Jaque para desabar o aguaceiro. Tomamos banho e arrumamos o resto das nossas coisas enquanto a água caía, mas na hora de pôr tudo no carro, a chuva já havia passado. Com medo de uma nova pancada, desistimos da ideia de comer tapioca na estrada e fomos embora.

A volta foi longa, longuíssima, por conta do engarrafamento que se armou no trecho em obras. Uma viagem de pouco mais de três horas se arrastou por cinco e chegamos em casa quase à meia-noite. Nem assim, porém, pretendo desistir dos planos que já fizemos para o réveillon. Esse ano, se tudo der certo, recepcionaremos o ano de 2010 em Paraty.

No píer, antes de começar a procura pelo barco

Agora, sim... No barco com a Jaque

Pausa para o almoço



quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Última noite em Paraty

Retomando o fio da narrativa... Fim de tarde: fomos em casa almoçar. Foi quase uma janta, é verdade, mas valeu a pena. Jaque fez um maravilhoso-estupendo-magnífico strogonoff com a carne que sobrou do churrasco. Eu, mal-educadamente, me empanturrei. Não resisti. Mandei a dieta às favas, mais uma vez. A primeira nem havia sido com o bombom que comi lá no alambique... Na verdade, Jaque fez um megassanduíche para mim no café da manhã, caprichado na mostardinha de dijon que levei para ela, com tomate, alface... Do jeito que ela sabe que eu a-do-ro. Devo admitir aqui que, se hoje como tomates, é por causa da Jaque, que me convenceu a comê-los nos sanduíches que fazia para mim sempre que chegava faminta na casa dela... ainda no Rio, anos atrás.

À noite, aí sim, fomos novamente ao centro... E, então, comprei o tal vestido de poá. Paramos para comer um crepe no Le Castellet, que fica ao lado do tal cafe porteño. Tudo porque eu estava doida atrás de uma sobremesa, e não queria repetir o sorvete ou comer bombons (se bem que demos uma passadinha numa tal Maga que vende uns bombons razoáveis, mas não me apeteceu). Por isso, dividi um crepe doce com o Flávio, carregado no chocolate. Já nossos anfitriões, como o Diego não havia jantado (o pobrezinho trabalhou o domingo quase que inteiro!), comeram um crepe salgado que parecia bom, com mostarda e filé mignon.

Foi bastante divertido, mas o domingo já estava acabando e segunda era dia de pegar novamente a estrada. Fomos dormir sem muita certeza do que fazer no dia seguinte: ir a Trindade ou passear de barco? O tempo parecia ter firmado de vez, o feriado prometia ser de sol, mas eu tinha medo de ir à praia e acabar perdendo a hora. Não queria voltar muito tarde, porque não conheço bem a estrada e ela parece ter uma conservação precária... Enfim...

Fim de tarde no centro histórico de Paraty

Não sei o nome desse café, mas o Flávio
ficou um tempão tentando pôr a bonequinha para fumar

Foto rara do grupo completo, graças ao garçom do Le Castellet


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O domingo em Paraty

O domingo, conforme previa a meteorologia, amanheceu com sol. Meu digníssimo marido esqueceu a sunga, então, optamos por apenas fazer passeios de reconhecimento pela cidade. Em primeiro lugar, visitamos o alambique Engenho d’Ouro, pouco depois da casa da Jaque. Ok, a cachaça era gostosa, mas a real intenção da Jaque em me levar lá foi me apresentar a uma trufa de chocolate com cachaça, enorme e divina. Eu até me controlei e comprei apenas quatro (juro que são duas para mim e duas para o Flávio...), mas a vontade foi de ficar lá comendo uma após a outra, bebericando trocentos tipos de cachaça.

Em frente ao alambique, há uma cachoeira chamada Pedra Branca, mas não entramos. Afinal, além de o Flávio estar desprevenido, o sol não estava tão quente que me convidasse a encarar aquela água gelada, o local estava cheio de turistas e, o pior, a pedra forma um tobogã, coisa que abomino (tenho pânico de escorrega, sei lá). Cachoeira, para mim, só a piscininha. Expliquei, e a Jaque jurou que, da próxima vez em que estivermos por lá vai me levar a uma cachoeira da qual vou gostar. Mal posso esperar.

Em seguida, partimos para um roteirinho turístico: visitamos o quiosque La Luna, na praia de Jabaquara. O quiosque é presumivelmente argentino, mas foi a pior empanada que comi na vida: frita. Para mim, trata-se de um mero pastel (e nem é dos melhores). Não gostei. Assim como achei um despropósito não venderem água de coco. Poxa! A gente ali, de frente para o mar, naquelas mesinhas rústicas, tudo tão bonitinho... E sem água de coco. Eu ainda não estava no clima de tomar cerveja (e sobraram várias na casa da Jaque!). Cairia tão bem um coquinho... Uma pena.

Depois fomos ao forte Defensor Perpétuo (adorei o nome!). Não nos pareceu muito interessante pagar para ver a exposição interna, embora fosse uma mixaria, então aproveitamos para tirar fotos lá do alto do rochedo. A vista de lá é linda! E dá vontade de sentar por ali e ficar vendo a hora passar. Devo confessar que tive uma certa inveja de uma moça que lia um livro naquele cenário, bem como do moço que molhava os pés na água do mar verde-esmeralda. Paisagem de sonho, mesmo.

De lá, fomos fazer compras no centro. Não resisti e comprei um tapete (que ficou lindo junto ao sofá vermelho lá de casa!), uma bolsa coloridíssima, um colar de flor, um guarda-chuva vermelho enorme (fetiche meu)... e um vestido tomara que caia de bolinhas. Estou numa fase poá. Mas o vestido só comprei durante nosso passeio noturno, estou pondo a carroça à frente dos bois. Nesse passeio vespertino pelo centro, além de entrar e sair de lojinhas, passamos num outro bar argentino (figurinhas fáceis por lá)... Creio que o nome é Cafe Buenos Aires e parece que o forte são as empanadas, mas não experimentamos. Acabamos apenas tomando um café cheio de especiarias, o que deu início à peregrinação, que durou até a noite, em busca de um bom espresso. Infrutífera, vale dizer. Eta café aguado se bebe naquela cidade, sô!


Flávio posa para a foto clássica...
Só faltou deitar no chão para fingir beber direto da torneira

A praia de Jabaquara vista do quiosque La Luna

Celebrando dois anos de casados no alto do forte Defensor Perpétuo

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nosso sábado à noite em Paraty

Como eu contei no último post, estivemos em Paraty no feriadinho de Nossa Senhora Aparecida sob o excelente pretexto de visitar a Jaque. Por conta da chuva que castigou o Rio na sexta-feira à noite, não tivemos muita pressa para começar a viagem no sábado. Então, fomos dormir tarde e acordamos sem despertador, alimentamos as cadelas e fomos buscar nossa amiga...

Pois é, a Jaque havia vindo ao Rio, durante a semana, para o aniversário da avó e aproveitou para voltar de carro com a gente. Sorte dela, que encheu a mala do carro com as compras de mês que fez no Guanabara. E sorte nossa, porque tivemos uma boa companheira de viagem. Segundo ela, lá as coisas são bem mais caras. Aliás, depois que ela disse o preço do Omo por lá, chegamos a cogitar encher o carro de sabão em pó para vender no centro histórico de Paraty... Mas isso fica para uma próxima oportunidade. O fato é que ainda caía uma garoa pela manhã, por isso acabamos saindo quase ao meio-dia.

A programação do sábado chuvoso foi, então, fazer um churrasco. Antes, porém, aproveitamos para dar uma volta na cidade e tomar um sorvete na Miracolo. Eram vários sabores (igualmente salivantes), mas acabei acatando à sugestão da Jaque e escolhi o de avelã trufada. Gente! Que sorvete... Achei meio caro, mas valeu cada centavo. A Jaque, tadinha, estava doida para ver um filminho qualquer no II Festival Internacional de Cinema que estava rolando, mas acabamos perdendo a hora. Além de chegarmos com meia hora de atraso, ainda deixamos de levar a entrada (1 kg de alimento não perecível). E o Diego, que ainda não conhecíamos e que é um cara muito maneiro, descolou um engradado de Antárctica a preço de custo. Desistimos imediatamente da ideia do cinema e fomos em busca da cerveja, é claro. No caminho, passamos em dois mercados para comprar o que faltava para o churrasco, pegamos o engradado e fomos para casa.

Com isso, teve início o churrasco: Diego, talvez por ser filho de uruguaio, mostrou ter uma grande familiaridade com a grelha (eu disse "a gre-lha", hein!?) e nos empanturrou de carne... Eu ia dizer que foi de picanha, mas achei que a frase já teria duplo sentido demais... O fato é que o rapaz mostrou-se um exímio churrasqueiro e, sendo ele o único vendedor da Ambev da região, também provou ser um excelente contato para esse tipo de ocasião. Ficamos nessa brincadeira até o cansaço bater e fomos dormir, porque domingo seria um dia movimentado. Mas amanhã eu continuo a narrativa, juro.

Jaque fiscaliza o Diego na churrasqueira

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Do meu interesse por Paraty...

Sempre quis conhecer Paraty e nem era por causa da Flip (a agora famosa Festa Literária de Paraty, à qual nunca fui, destaque-se). A vontade era bem anterior e vinha desde os tempos de colégio, quando, aluna relapsa que fui, não pude ir à excursão que o colégio organizou para lá. Estava de castigo, como em tantas outras vezes. Quem mandou não estudar e tirar notas tão ruins? Não, não me orgulho disso...

Depois dessa primeira frustração, estive lá de passagem umas duas vezes, sem nem ter tido tempo de me dar conta de que Paraty vai além de seu centro histórico, tem praias lindas ao redor, cachoeiras, alambiques, além de um charme noturno todo especial. Lembro que uma das vezes foi com uma excursão de ônibus para o Sul, em companhia da minha avó e a "estadia" não deve ter durado sequer uma hora. A outra deve ter sido com meus pais, em alguma das poucas vezes em que estivemos em Angra. Deve ter sido, mas não lembro direito.

No feriadinho de 12 de outubro, porém, tive a oportunidade de viver um pouquinho de Paraty. Com a desculpa de comemorar nossos dois anos de casamento, arrastei o Flávio para uma visitinha à nossa amiga Jaque. Sim, hoje eu tenho uma amiga que vive em Paraty. Ela foi para lá de férias há cerca de seis meses, se apaixonou pelo Diego e acabou ficando. E, bem, parece feliz. Eles vivem no que lá chamam de flat: uma casinha de dois andares com sala, cozinha americana, área e lavabo embaixo; quarto e banheiro em cima.

No cantinho deles, que fica na estrada Paraty-Cunha, há ainda outros flats e uma pousada, tudo da mesma dona (aliás, um amor de pessoa). Ao fundo do terreno, corre o rio, aquele mesmo que subiu na última enchente: o Perequeaçu, se não me engano. Tudo muito bucólico, muito bonito... Amei. E tivemos sorte, porque a chuva que prometia estragar o fim de semana prolongado quase não atrapalhou. Sim, porque é claro que choveria, não é!? Nada pode ser tão perfeito!

Como ando propensa à prolixidade, contarei o passeio aos pedaços. Até porque preciso ganhar tempo para descobrir os nomes certinhos dos lugares que pretendo citar aqui. Já tomei nota de alguns para perguntar à Jaque e, logo, logo, prometo que dou continuidade à narrativa.

Só para dar um gostinho...
Pedacinho de Paraty, vista do mar

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Desbravando o "Rio Antigo"

Todo sábado de pós, namoro os restaurantes bacaninhas da rua do Rosário. O pessoal da turma nunca está a fim, porque são mais caros e, bem, quase todos são professores... Ou seja, valem-se daquela desculpa clássica: "professor ganha mal". Além disso, é realmente mais fácil conciliar tantos gostos e preferências culinárias nos tradicionais restaurantes a quilo. Com isso, inovações são raramente bem-vindas.

Pensando bem, creio que eles só gostaram mesmo de conhecer a livraria Folha Seca (por conta do excelente acervo e por ter o café espresso mais barato das redondezas) e um restaurante a quilo do qual já nem lembro o nome na 1º de Março. Nada demais, apenas mais uma opção para o almoço comunitário (é impressionante como o povo se condiciona a ir sempre aos mesmos lugares e nem olha para os lados).

Da última vez, porém, consegui convencer o Márcio (um dos dois meninos da turma) a tomar uma sopinha e comer um sanduba na Brasserie Rosário. Foi providencial para a ressaca (sim, do tipo inesquecível), mas exagerei. Comi até sobremesa! E, assim, o almoço saiu uma pequena fortuna. Analisando agora, semanas depois, teria trocado o sanduíche por uma quiche com salada... mas manteria o doce. Precisava demais de glicose naquele dia!

O fato é que minha maior frustração era não conseguir almoçar na Al-Farábi, misto de livraria, restaurante, bar, livraria, sebo, galeria e sabe-se lá mais o quê, que fica na rua do Rosário. Já tinha tomado café, comprado livro, tomado cerveja (diversas opções boas e geladas), mas almoço que é bom, nada. Até ontem, quando consegui convencer a Si a sair lá dos arredores da praça Mauá para me encontrar ali, com a desculpa de ser meio do caminho para ambas. Amei.

Pena que a hora do almoço é tão curta e nem deu para zanzar entre os livros, tomar uma ou duas Therezópolis Gold, bater papo com o Simas (figurinha fácil por ali e um dos professores que marcaram minha vida). Aos sábados, infelizmente, fecha cedo, mas já combinei com a Si de voltarmos um dia de semana, após o expediente. Vejamos.


Amo essa ideia de reunir tantas coisas num só lugar. Parada na porta, enquanto esperava a Si, passa uma dona perguntando pela livraria. Respondi que era ali mesmo, e ela, vendo as mesas espalhadas pela rua: "Ah, pensei que fosse um restaurante!" E eu: "Mas é, também"

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Perdão, sumi de novo

Ando meio sem vontade de escrever no blog. Não é falta de assunto, porque estes estão por aí, em toda parte. Basta um pouquinho de disposição e pronto: escreve-se. Às vezes, um tema sem muita importância pode virar um texto bacana. É possível, sim, tirar leite de pedra. Mas não é por isso que não tenho escrito aqui...

O problema maior é que os assuntos sobre os quais tenho pensado ultimamente não são muito publicáveis, são coisas que não pretendo divulgar, debater abertamente: são pessoais. Bem, meu blog é estritamente pessoal, já que só falo sobre o que me interessa e ponto final. Entretanto, justamente por isso, faço uma pré-seleção do que desejo ou não tornar público e notório. Por conta disso, aliás, já deixei de comentar um monte de coisas. Inclusive, porque, há coisas que só fazem sentido se escritas no timing certinho. Se passou aquele momento exato, já era. Melhor calar.

Bem, tudo isso é apenas para dizer que ainda estou por aqui, sim. O blog está ativo, embora eu não esteja tanto assim... Estou ligeiramente fechada para balanço, repensando escolhas e caminhos. Sinto que estou vivendo um momento crucial, daqueles em que é preciso tomar uma posição. E eu não quero me deixar apenas "levar pela maré". Quero decidir. E, com isso, me lembro do verso de Fernando Pessoa: "Navegar é preciso, viver não é preciso".

Todos os dias me deparo com esta Nau Capitânia,
atualmente em exposição no Espaço Cultural da Marinha (RJ)
Aos interessados: de terça a domingo, das 12h às 17h - É de graça!

Para quem não conhece, segue o poema:

Navegar é Preciso
(Fernando Pessoa)

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não
É necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso
tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
Na essência anímica do meu sangue o propósito
Impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
Para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Aproveitando a deixa, segue a letra da música Os Argonautas, de Caetano Veloso, que dialoga com o poema acima:

Os Argonautas
(Caetano Veloso)

O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso...(2x)

O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso (2x)

O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso...(6x)

E, para concluir... Não podia ficar de fora:

Timoneiro
(Paulinho da Viola)


Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar

E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
- Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar

Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar

A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Último Samba na Praça nos dias 7 e 8/8!

Jogo rápido: estive no show da Anna Pessoa, em pleno chafariz da Saens Peña, nesta sexta-feira. Última oportunidade de conferir o evento Samba na Praça, que tanto comentei aqui. Foi muito bom, apesar de vazio. Infelizmente, rolou um certo atraso por parte da Ambev (que garante a infraestrutura do Otto no evento) e isso fez com que tudo o mais atrasasse. Além disso, não rolou show do Gabriel ou da bateria da Unidos da Tijuca, conforme prometido. O show foi só da Anna Pessoa, com os músicos que costumam acompanhá-la semanalmente no Otto.

Ok, os caras são muito bons, mas tocam jazz. Ou bossa nova... Eventualmente, arriscam um sambinha com um arranjo mais... jazzístico? Enfim, não foi samba. Acho que desvirtuou um pouco a proposta inicial do evento. Por mais que eu goste da cantora, não apostaria nela como atração única de um evento, presumivelmente, de samba... Nem a homenagem à Clara Nunes garantiu o clima. Mas, sim, foi bacana. Foi, sim. Foi um bom programa para encerrar o expediente.

Pelo que entendi, não foram apenas os shows dos dias 24 e 25 de julho que foram cancelados por conta da chuva. O seguinte, com a tal Camille Deslandes, também não aconteceu. E olha que não li nada a respeito disso em lugar algum... Enfim... Que o Otto se anime e a Subprefeitura permita a continuação do evento, ainda que mensalmente. Ou anualmente, que seja!

(Atualizado em 9 de agosto de 2009.)

***

Acabei não vendo o show da Camille Deslandes, no último fim de semana, na Saens Peña. Não deu pé, não pude ir. Então, não sei se foi bom ou ruim. Caso alguém tenha ido, favor registrar aí nos comentários. Foi bom? Foi ruim? O público compareceu? Enfim... Mas a razão deste post não tem nada a ver com isso, na verdade.

Ele visa apenas comunicar que a apresentação do dia 24 e 25 de julho, cancelada por conta da chuva... Lembra? Pois bem, ela foi remarcada para o próximo fim de semana. Ou seja, nos dias 7 e 8 de agosto teremos novamente o Gabriel Cavalcante [da Muda ou meramente Gigi, whatever], com participação especial da cantora Anna Pessoa (com direito a tributo a Clara Nunes) e da bateria da Unidos da Tijuca. Que São Pedro colabore e segure a chuva lá por cima para que essa sequência de eventos se encerre em grande estilo. E tenho dito.

domingo, 26 de julho de 2009

Ontem não teve Samba na Praça

E, pelo que o Gabriel [Cavalcante, da Muda, como queiram] disse, hoje também não ia rolar. O motivo, ao que parece, foi a chuva. Pena. Menos mal para mim, que tenho que trabalhar - bastante! - aqui e ia ficar morrendo de vontade de me despencar para lá. Já estava até fazendo planos para depois da aula da pós, como disse no post anterior. Mas nem fiquei para ver o finzinho do Samba da Ouvidor. Voltei correndo para casa e cá estou, revisando um livro-bomba, morta de sono.

Enfim, é isso. Só fico meio triste por não termos show da Anna Pessoa, que canta pacas. Para vê-la, só indo até o Otto mesmo. Agora, resta aguardar o bom tempo no fim de semana que vem e torcer para que a tal Camille Deslandes esteja à altura dos demais. Sei lá, essa história de samba jazz ainda não me convenceu. Vejamos no que vai dar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Tijuca: 250 anos de tradição

Há três sextas-feiras, venho batendo ponto no Samba na Praça, evento que traz shows promovidos pelo Otto Bar e Restaurante num palco montado em pleno chafariz da Saens Peña. O projeto faz parte da programação elaborada pela Subprefeitura da Tijuca, em homenagem aos 250 anos do bairro. É realmente genial e, juro, não estou ganhando nada para dizer isso. Acontece que é tão raro vermos ações desse tipo na região que é difícil não nos tornarmos entusiastas. Claro que houve pequenos problemas de organização, mas compreensíveis, dado o ineditismo da iniciativa. Acho que o caminho é esse mesmo: ocupar o espaço público para retomar o controle sobre a nossa cidadania. E a cultura é, talvez, o melhor instrumento para tanto.

A estreia foi no dia 3, com apresentação do grupo Samba da Ouvidor, comandado pelo tijucano Gabriel Cavalcante (ou da Muda). Conhecido pelas rodas quinzenais que vêm revitalizando o Centro Antigo (aos sábados), o grupo contou com a participação especial de Moacyr Luz e apresentou um repertório bastante diversificado, que agradou em cheio ao público. Mesmo com ameaça de chuva – que no fim não passou de umas poucas gotas –, a plateia formada por pessoas de todas as faixas etárias não arredou o pé. Aliás, foi difícil conseguir mesa... E uma senhora à minha frente insistia em manter o guarda-chuva preventivamente aberto. Apesar disso, amei. E imagino que sábado também tenha sido um sucesso.

Já no dia 10, foi a vez do grupo Samba do Trabalhador, também sob a batuta de Gabriel Cavalcante – figurinha fácil que ainda deve se apresentar no dia 24 – e com participação especial de Marquinho Sathan. Desta vez, o sucesso foi absoluto. O início pouco atrasou, a estrutura montada pelo Otto com as barraquinhas da Ambev por pouco não deu conta da demanda. Durante algumas horas, a promoção da cerveja Antarctica (duas por R$ 5) precisou até ser suspensa, mas voltou antes do final. As mesas e cadeiras distribuídas no entorno no chafariz não foram suficientes, o que não chegou a ser um problema, já que muitos preferiam ficar de pé para dançar. Não sei se a chuva chegou a atrapalhar a apresentação de sábado, porém acredito que o grupo tenha conseguido garantir a empolgação.

Sexta-feira passada, dia 17, foi a vez do cantor Chamon comandar a função. Ele cantou vários clássicos do samba e até atacou um My Way numa levada de samba. Interessante. Lá para o fim, a Velha Guarda do Salgueiro subiu ao palco para uma participação especial. Confesso que fiquei um pouco decepcionada. Os sambas de enredo – manjadíssimos – empolgaram o público, mas me pareceu meio fora do conceito de Velha Guarda. Senti falta dos sambas de quadra, que não conheço e gostaria de conhecer. Não sei, pode ser implicância. Talvez o tempo fosse muito curto e, afinal, o palco não tinha muita infraestrutura para receber tantas vozes... A conferir outras vezes.

Pretendo, é claro, comparecer aos shows dos próximos dois fins de semana. Tenho ido sempre às sextas, emendando com a saída do trabalho, mas é bem possível que essa semana experimente ir no sábado. Será a vez, como já disse, de Gabriel Cavalcante voltar ao palco, dessa feita com a cantora Anna Pessoa e a Bateria da Unidos da Tijuca. Para encerrar, nos dias 31 e 1º de agosto, haverá show com Camille Deslandes e banda levando um Samba Jazz Contemporâneo (o que será isso?), com participação da Bateria Sinfonia do Mestre Capoeira e do Cantor Pixulé da Império da Tijuca. Estou curiosa para ver que samba isso vai dar...

Os eventos em comemoração ao aniversário da Tijuca não se restringem ao projeto Samba na Praça. Para ver a programação completa, visite: www.250anostijuca.com.br



quarta-feira, 17 de junho de 2009

4 x Teatro

Tenho andado teatral. Não faz muito tempo, cismei de ver o espetáculo O Estrangeiro, com o Guilherme Leme. O preço era convidativo: R$ 25 (e ainda pago meia por ser estudante!), e gosto do Teatro do Jockey, apesar de não ser perto de casa, pois oferece estacionamento amplo e... gratuito. Confesso que não tinha qualquer familiaridade com o texto de Albert Camus e que meu interesse era puramente visual, porque gostei da foto que ilustrava os incontáveis cartazes em preto e branco que vi pela cidade. Fui ao teatro cheia de medo, achando que talvez não fosse gostar tanto da peça – afinal, esta seria ao vivo e em cores –, e me surpreendi. No dia seguinte mesmo, comecei a pesquisar o preço do livro na Estante Virtual. Assim que eu termine Crime e Castigo, juro que compro e leio (se bem que, ok, talvez baixe). Já está na lista.

Minha incursão seguinte, e igualmente recente, aos palcos cariocas foi meio por acaso. Estávamos com um casal de amigos e não conseguíamos decidir o que fazer. Era fim de semana de Viradão Cultural, mas nada parecia muito promissor naquele domingo à noite. Comer, então, estava fora de cogitação: o estômago já estava forrado graças a um farto almoço, ajantarado, no Berbigão. Por isso, o festival Comida di Buteco também não encheu os nossos olhos, e partimos para Ipanema. Nossa parada? Casa de Cultura Laura Alvim. Para ser franca, pensávamos ir ao cinema. Entretanto, o teatro acabou sendo mais vantajoso por aceitar a carteirinha do Clube do Assinante do Globo. Pagamos R$ 40 ao todo, para nós quatro, e vimos Quando as Máquinas Param. De autoria de Plínio Marcos, a peça retrata a dura realidade de um casal – Nina e Zé – que luta desesperadamente para sobreviver: ela costura para fora, e ele está desempregado. O texto é de 1967 e, infelizmente, continua atual.

No último fim de semana, porém, é que tive a melhor das surpresas. Sabe aqueles programas do qual você não espera grandes coisas e acabam sendo extremamente gratificantes? Fui ao Sesc Tijuca para ver a encenação de É Samba na Veia, É Candeia e me deparei com um grande musical. Boas músicas, boa história, boas tiradas, elenco e músicos de primeira. E tudo isso por meros R$ 4 (o preço normal é R$ 16), porque sou comerciária. O espetáculo venceu o concurso de dramaturgia Seleção Brasil em Cena 2007, foi considerado o Melhor Espetáculo 2008 pelo Júri do JB e foi vencedor do Prêmio Shell 2008 de Melhor Direção Musical. Com direção de André Paes Leme e texto de Eduardo Rieche, fica em cartaz até o dia 28 de junho. De sexta a domingo, às 20h. Assistam, porque vale muitíssimo a pena.

E com isso, chegou o domingo. Onde é que eu fui parar? No teatro, é claro. Pretendia ver o Michel Melamed no Teatro Sesc Ginástico, mas dei com os burros n’água. Os ingressos para Regurgitofagia já estavam esgotados, e uma fila quilométrica se montava para a galera comprar os ingressos para o fim de semana seguinte, quando ele encenará Anti-Dinheiro Grátis (segunda peça da Trilogia Brasileira) – a quem interessar, a terceira, Homemúsica – estará em cartaz no fim de semana seguinte. Para não perder a viagem, acabamos no Teatro Sesi, para ver Elisa Lucinda em Parem de falar mal da rotina. Completamente auto-ajuda, mas até que foi divertido. Se servir para as pessoas repensarem suas vidas, refletirem sobre a validade de suas madeixas alisadas e descoloridas, já está valendo. Continuo não gostando muito de poesia, é verdade. Entretanto, respeito Elisa Lucinda. Ela chamou a fofíssima Vó Maria (que encontrei lá por acaso) ao palco para lhe dar flores, sem que nada fosse previamente combinado. Reparar (eis um verbo fundamental na peça) numa senhora de 98 anos no meio de uma plateia lotada e render-lhe homenagens é algo digno de registro.

domingo, 17 de maio de 2009

Centímetro, o Metro de Conservatória

Estive em Conservatória no último 1° de maio, para aproveitar o feriadão, e descobri que o lugar – atualmente distrito de Valença (RJ) – vai muito além da seresta. Até então, era basicamente essa a minha referência. Sabia, também, que lá era o destino preferido da terceira idade... Uma espécie de paraíso para a velharada. Meus avós eram figurinhas fáceis nas excursões para os hotéis-fazenda da região e, de tanto ouvi-los falar, sempre quis passar um fim de semana por lá.


Na verdade, por mais que isso possa parecer estranho para alguns, adoro seresta. Sou fã de Silvio Caldas, Gilberto Alves, Guilherme de Brito e Nelson Gonçalves, que dão nome a um museu de lá. E sou igualmente fã de Vicente Celestino e Gilda de Abreu, homenageados em outro museu, desde que assisti recentemente ao filme O ébrio em dvd. Infelizmente, não tive tempo de visitar este último, mas isso é até bom: tenho bons motivos para voltar.


Decidi, portanto, ir a Conservatória. Reservei um quarto numa pousadinha mais ou menos central. Como decidi muito em cima, quase não consigo vaga. Sorte que a cidade tem um portal bastante completo na internet. O quarto não era lá essas coisas, mas deu para o gasto. Também, pelo preço... O chato eram umas senhoras de uma excursão de Caxias. Como falavam alto! Na noite de sábado para domingo, então, acho que ninguém conseguiu dormir.


A seresta, em si, na verdade foi meio decepcionante. Impossível entrar à noite no Museu da Seresta e Serenata. É muita gente... E fica tudo muito tumultuado, porque vão todos para a porta aguardar a saída da serenata pelas ruas da cidade. Fazia frio, mas isso não desanimou o público em nada. É um lance meio Cocoon, com velhinhos aparentemente nas últimas, alguns de bengala, caminhando serelepes por entre as ruas de calçamento em pedras pé-de-moleque. Impressionante, na verdade. Talvez haja alguma coisa na água...


O melhor, porém, foi o Cinema Centímetro. Quem me conhece sabe o quanto sou tijucana e, principalmente, a saudade que sinto dos antigos cinemas de rua do bairro. Tanto que criei uma comunidade no orkut chamada Cadê os cinemas da Tijuca?. Não cheguei a conhecer o Metro Tijuca, mas creio que tive boas referências dos meus avós e dos meus pais. Sempre ouvi dizer que era algo monumental, sem paralelo com os dias de hoje.


Em Conservatória, contudo, creio que tive a oportunidade de compreender o saudosismo de todos com relação aos cinemas da Metro, fechados em 1977 (justamente quando nasci). Apaixonado por cinema, o delegado aposentado Ivo Raposo recolheu peças originais do Metro Tijuca e o reconstruiu minuciosamente no quintal de sua casa. Móveis, tapetes, lustres, bilheteria e projetores garantem o charme da sala, de 60 lugares, que exibe sessões curtas, com trechos de desenhos e musicais da Metro, nas noites de sábado. É uma verdadeira viagem no tempo, com direito a pipoca no final.



Na foto de cima, a serenata que percorre as ruas nas noites de
sexta e sábado. Na de baixo, a fachada do Centímetro


segunda-feira, 16 de março de 2009

Vik Muniz, do MAM ao Getúlio

Ontem, domingo chuvoso, venci minha natural resistência a exposições e fui ao MAM para ver de perto do trabalho de Vik Muniz. Gostei, mas confesso – como em geral acontece, já que não sou muito fã desse tipo de programa – que fiquei decepcionada. Não com o talento ou a criatividade do artista, mas porque suas obras são – todas – retratos de trabalhos que ele fez com diversos materiais. Explico-me (ou tento): ele usa matérias-primas variadas, como sucata, plástico, manteiga de amendoim, algodão e até chocolate. Entretanto, nada disso está lá. A obra de arte é a foto do desenho que ele fez com o macarrão, por exemplo. É a foto das imagens que ele criou com arames ou alfinetes.

Se o prato estivesse lá, talvez valesse mais o ingresso


Ok. Alguns podem argumentar que as obras feitas com sucata não caberiam em exposição alguma. Concordo. Talvez por isso o que mais gostei na exposição tenham sido os vídeos que mostram como essas obras (com sucata e lixo) são feitas. Outros diriam, também, que o artista – ao fotografar seus trabalhos, como as esculturas em algodão – pode escolher o melhor ângulo e a melhor iluminação para a criação de um determinado efeito. Sim, sem dúvida. O fato, porém, é que senti falta do relevo que esses tão distintos materiais criariam nas obras. A fotografia, por melhor que seja, é unidimensional.

Lamento, ainda, que os textos explicativos que orientavam a exposição fossem tão sucintos. Isso, aliás, parece ser uma tendência nas exposições em geral, mas eu acho de uma pobreza... Informação nunca é demais, poxa. E, afinal, ninguém é obrigado a ler tudo. Um exemplo concreto são as imagens que recriam fotos famosas da revista Life. Ora, o textinho que introduz a série diz que o artista ficou surpreso com o fato de as pessoas nem sempre perceberem as incongruências presentes nas tais imagens, feitas de memória. Se até dele os detalhes escaparam, por que não do público? Creio que as fotos originais poderiam estar ali perto, para quem quisesse fazer a tal comparação...

De qualquer forma, devo concordar com a crítica especializada: o artista é interessantíssimo. Se eu, leiga impaciente, não gostei mais, foi apenas porque o MAM estava lotado. E aquela desordem de gente andando em ziguezague, aquele burburinho todo, me irrita um pouco. Para piorar, esqueci de colocar o boleto da pós na bolsa e tive que pagar a inteira (R$ 8). Mea culpa. Por isso mesmo, dou o braço a torcer e admito: ir ao MAM é um bom programa. Entretanto, talvez seja melhor num dia sem chuva... Para caminhar (ou andar de carrinho elétrico) pelo Parque do Flamengo, aproveitando o fechamento das pistas do Aterro para o lazer, e culminar por ali, tomando um café e curtindo uma bela paisagem. Aliás, pena que o café fica tão escondidinho... Eu adoraria que fosse de frente para a baía! Quanto à programação de março, a exposição fica em cartaz até o dia 22 e, na cinemateca, estão exibindo clássicos do cinema japonês.

***

O dia terminou – já noite – no Bar Getúlio, no Catete. Apesar das duvidosas paredes laranjas, o bar continua simpático. Bom atendimento, comidinha gostosa, chopp gelado e ar condicionado potente. Eu, Flávio, Fernando, Juliana e Rosana ficamos lá, batendo papo e adiando a hora de voltar pra casa. E já temos nossa próxima parada: o Restaurante Berbigão, diretamente de Jurujuba (Niterói) para o outro lado da esquina com a Silveira Martins. Parece promissor.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O Angu do Gomes no Escravos da Mauá

O ano de 2009 começou, janeiro já passa da metade e só agora resolvi dar as caras por aqui. Perdoem, mas é que andei meio fora de combate, tudo por culpa de uma sinusite infernal. Ainda não estou 100%, mas chegou a hora de movimentar um pouco esse blog. Por isso, gostaria de começar pelo meu último fim de semana, quando venci minha resistência e estive no Largo de São Francisco da Prainha para conferir o Escravos da Mauá.


E lá se vão 16 carnavais...

Em primeiro lugar, explico a história da resistência: não gosto de lugares abarrotados de gente, barulhentos, absurdamente quentes e sujos. E, por todas estas razões, evito ir ao Escravos da Mauá. No entanto, acho que se trata de um acontecimento fantástico – principalmente por sua capacidade de mobilização – e, bem, depois de vários dias de molho, quis dar uma conferida. Além disso, queria ver como se comportaria o Angu do Gomes durante o evento.

Gente! O Angu me surpreendeu. Ok, o estabelecimento ainda precisa de alguns ajustes, especialmente no que diz respeito à bebida. Afinal, o chopp acabou cedo e a cerveja ainda não estava gelada quando cheguei. Entretanto, a comida estava perfeita e diria que foi providencial. O angu estava muito bom, como sempre, e os bolinhos de feijoada salvaram a noite dos amigos paulistas da onipresente Taty. Explico: eles chegaram tarde e não conseguiram experimentar a iguaria que dá nome ao lugar, mas ficaram extremamente felizes em conhecer o Vô Basílio (que não paravam de chamar de Gomes do Angu). Chegaram até a comprar uma carioquíssima pintura do De Paula.


Infelizmente, o som do Escravos da Mauá fica quase inaudível no meio daquele burburinho... Além do mais, a quantidade exagerada de gente e o calor enlouquecedor me fizeram rapidamente procurar outras paragens. Foi graças a isso que descobri um samba que acontecia logo ali na Pedra do Sal, onde uma brisa ainda batia e era possível sentar para tomar uma gelada. Naquele momento foi como se eu encontrasse o paraíso, sem exageros. Quem não conhece esse lugar, não imagina o que está perdendo. É lindo demais!


Claro, porém, que minha alegria foi momentânea. Não demorou muito e aquilo lá também ficou abarrotado de gente, a cerveja foi acabando, o atendimento deixou de existir, o banheiro não deu vazão... Mas aí já era hora de levantar acampamento. Espero que, de fato, a nova Prefeitura se estabeleça naquela região e revitalize o casario e, principalmente, aquela praça. Acho que já é mais do que hora de ocupar aquele espaço de maneira responsável.


***


Eu, realmente, preciso comentar sobre o show do Acorda Bamba que aconteceu na última segunda-feira (dia 12) no Centro Cultural Carioca. Muito bom, mas merece um post à parte. Prometo-o para breve. Ou não... Quem sabe?