Pesquisar este blog

domingo, 17 de maio de 2009

Centímetro, o Metro de Conservatória

Estive em Conservatória no último 1° de maio, para aproveitar o feriadão, e descobri que o lugar – atualmente distrito de Valença (RJ) – vai muito além da seresta. Até então, era basicamente essa a minha referência. Sabia, também, que lá era o destino preferido da terceira idade... Uma espécie de paraíso para a velharada. Meus avós eram figurinhas fáceis nas excursões para os hotéis-fazenda da região e, de tanto ouvi-los falar, sempre quis passar um fim de semana por lá.


Na verdade, por mais que isso possa parecer estranho para alguns, adoro seresta. Sou fã de Silvio Caldas, Gilberto Alves, Guilherme de Brito e Nelson Gonçalves, que dão nome a um museu de lá. E sou igualmente fã de Vicente Celestino e Gilda de Abreu, homenageados em outro museu, desde que assisti recentemente ao filme O ébrio em dvd. Infelizmente, não tive tempo de visitar este último, mas isso é até bom: tenho bons motivos para voltar.


Decidi, portanto, ir a Conservatória. Reservei um quarto numa pousadinha mais ou menos central. Como decidi muito em cima, quase não consigo vaga. Sorte que a cidade tem um portal bastante completo na internet. O quarto não era lá essas coisas, mas deu para o gasto. Também, pelo preço... O chato eram umas senhoras de uma excursão de Caxias. Como falavam alto! Na noite de sábado para domingo, então, acho que ninguém conseguiu dormir.


A seresta, em si, na verdade foi meio decepcionante. Impossível entrar à noite no Museu da Seresta e Serenata. É muita gente... E fica tudo muito tumultuado, porque vão todos para a porta aguardar a saída da serenata pelas ruas da cidade. Fazia frio, mas isso não desanimou o público em nada. É um lance meio Cocoon, com velhinhos aparentemente nas últimas, alguns de bengala, caminhando serelepes por entre as ruas de calçamento em pedras pé-de-moleque. Impressionante, na verdade. Talvez haja alguma coisa na água...


O melhor, porém, foi o Cinema Centímetro. Quem me conhece sabe o quanto sou tijucana e, principalmente, a saudade que sinto dos antigos cinemas de rua do bairro. Tanto que criei uma comunidade no orkut chamada Cadê os cinemas da Tijuca?. Não cheguei a conhecer o Metro Tijuca, mas creio que tive boas referências dos meus avós e dos meus pais. Sempre ouvi dizer que era algo monumental, sem paralelo com os dias de hoje.


Em Conservatória, contudo, creio que tive a oportunidade de compreender o saudosismo de todos com relação aos cinemas da Metro, fechados em 1977 (justamente quando nasci). Apaixonado por cinema, o delegado aposentado Ivo Raposo recolheu peças originais do Metro Tijuca e o reconstruiu minuciosamente no quintal de sua casa. Móveis, tapetes, lustres, bilheteria e projetores garantem o charme da sala, de 60 lugares, que exibe sessões curtas, com trechos de desenhos e musicais da Metro, nas noites de sábado. É uma verdadeira viagem no tempo, com direito a pipoca no final.



Na foto de cima, a serenata que percorre as ruas nas noites de
sexta e sábado. Na de baixo, a fachada do Centímetro