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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Do meu interesse por Paraty...

Sempre quis conhecer Paraty e nem era por causa da Flip (a agora famosa Festa Literária de Paraty, à qual nunca fui, destaque-se). A vontade era bem anterior e vinha desde os tempos de colégio, quando, aluna relapsa que fui, não pude ir à excursão que o colégio organizou para lá. Estava de castigo, como em tantas outras vezes. Quem mandou não estudar e tirar notas tão ruins? Não, não me orgulho disso...

Depois dessa primeira frustração, estive lá de passagem umas duas vezes, sem nem ter tido tempo de me dar conta de que Paraty vai além de seu centro histórico, tem praias lindas ao redor, cachoeiras, alambiques, além de um charme noturno todo especial. Lembro que uma das vezes foi com uma excursão de ônibus para o Sul, em companhia da minha avó e a "estadia" não deve ter durado sequer uma hora. A outra deve ter sido com meus pais, em alguma das poucas vezes em que estivemos em Angra. Deve ter sido, mas não lembro direito.

No feriadinho de 12 de outubro, porém, tive a oportunidade de viver um pouquinho de Paraty. Com a desculpa de comemorar nossos dois anos de casamento, arrastei o Flávio para uma visitinha à nossa amiga Jaque. Sim, hoje eu tenho uma amiga que vive em Paraty. Ela foi para lá de férias há cerca de seis meses, se apaixonou pelo Diego e acabou ficando. E, bem, parece feliz. Eles vivem no que lá chamam de flat: uma casinha de dois andares com sala, cozinha americana, área e lavabo embaixo; quarto e banheiro em cima.

No cantinho deles, que fica na estrada Paraty-Cunha, há ainda outros flats e uma pousada, tudo da mesma dona (aliás, um amor de pessoa). Ao fundo do terreno, corre o rio, aquele mesmo que subiu na última enchente: o Perequeaçu, se não me engano. Tudo muito bucólico, muito bonito... Amei. E tivemos sorte, porque a chuva que prometia estragar o fim de semana prolongado quase não atrapalhou. Sim, porque é claro que choveria, não é!? Nada pode ser tão perfeito!

Como ando propensa à prolixidade, contarei o passeio aos pedaços. Até porque preciso ganhar tempo para descobrir os nomes certinhos dos lugares que pretendo citar aqui. Já tomei nota de alguns para perguntar à Jaque e, logo, logo, prometo que dou continuidade à narrativa.

Só para dar um gostinho...
Pedacinho de Paraty, vista do mar

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Desbravando o "Rio Antigo"

Todo sábado de pós, namoro os restaurantes bacaninhas da rua do Rosário. O pessoal da turma nunca está a fim, porque são mais caros e, bem, quase todos são professores... Ou seja, valem-se daquela desculpa clássica: "professor ganha mal". Além disso, é realmente mais fácil conciliar tantos gostos e preferências culinárias nos tradicionais restaurantes a quilo. Com isso, inovações são raramente bem-vindas.

Pensando bem, creio que eles só gostaram mesmo de conhecer a livraria Folha Seca (por conta do excelente acervo e por ter o café espresso mais barato das redondezas) e um restaurante a quilo do qual já nem lembro o nome na 1º de Março. Nada demais, apenas mais uma opção para o almoço comunitário (é impressionante como o povo se condiciona a ir sempre aos mesmos lugares e nem olha para os lados).

Da última vez, porém, consegui convencer o Márcio (um dos dois meninos da turma) a tomar uma sopinha e comer um sanduba na Brasserie Rosário. Foi providencial para a ressaca (sim, do tipo inesquecível), mas exagerei. Comi até sobremesa! E, assim, o almoço saiu uma pequena fortuna. Analisando agora, semanas depois, teria trocado o sanduíche por uma quiche com salada... mas manteria o doce. Precisava demais de glicose naquele dia!

O fato é que minha maior frustração era não conseguir almoçar na Al-Farábi, misto de livraria, restaurante, bar, livraria, sebo, galeria e sabe-se lá mais o quê, que fica na rua do Rosário. Já tinha tomado café, comprado livro, tomado cerveja (diversas opções boas e geladas), mas almoço que é bom, nada. Até ontem, quando consegui convencer a Si a sair lá dos arredores da praça Mauá para me encontrar ali, com a desculpa de ser meio do caminho para ambas. Amei.

Pena que a hora do almoço é tão curta e nem deu para zanzar entre os livros, tomar uma ou duas Therezópolis Gold, bater papo com o Simas (figurinha fácil por ali e um dos professores que marcaram minha vida). Aos sábados, infelizmente, fecha cedo, mas já combinei com a Si de voltarmos um dia de semana, após o expediente. Vejamos.


Amo essa ideia de reunir tantas coisas num só lugar. Parada na porta, enquanto esperava a Si, passa uma dona perguntando pela livraria. Respondi que era ali mesmo, e ela, vendo as mesas espalhadas pela rua: "Ah, pensei que fosse um restaurante!" E eu: "Mas é, também"

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Perdão, sumi de novo

Ando meio sem vontade de escrever no blog. Não é falta de assunto, porque estes estão por aí, em toda parte. Basta um pouquinho de disposição e pronto: escreve-se. Às vezes, um tema sem muita importância pode virar um texto bacana. É possível, sim, tirar leite de pedra. Mas não é por isso que não tenho escrito aqui...

O problema maior é que os assuntos sobre os quais tenho pensado ultimamente não são muito publicáveis, são coisas que não pretendo divulgar, debater abertamente: são pessoais. Bem, meu blog é estritamente pessoal, já que só falo sobre o que me interessa e ponto final. Entretanto, justamente por isso, faço uma pré-seleção do que desejo ou não tornar público e notório. Por conta disso, aliás, já deixei de comentar um monte de coisas. Inclusive, porque, há coisas que só fazem sentido se escritas no timing certinho. Se passou aquele momento exato, já era. Melhor calar.

Bem, tudo isso é apenas para dizer que ainda estou por aqui, sim. O blog está ativo, embora eu não esteja tanto assim... Estou ligeiramente fechada para balanço, repensando escolhas e caminhos. Sinto que estou vivendo um momento crucial, daqueles em que é preciso tomar uma posição. E eu não quero me deixar apenas "levar pela maré". Quero decidir. E, com isso, me lembro do verso de Fernando Pessoa: "Navegar é preciso, viver não é preciso".

Todos os dias me deparo com esta Nau Capitânia,
atualmente em exposição no Espaço Cultural da Marinha (RJ)
Aos interessados: de terça a domingo, das 12h às 17h - É de graça!

Para quem não conhece, segue o poema:

Navegar é Preciso
(Fernando Pessoa)

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não
É necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso
tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
Na essência anímica do meu sangue o propósito
Impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
Para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Aproveitando a deixa, segue a letra da música Os Argonautas, de Caetano Veloso, que dialoga com o poema acima:

Os Argonautas
(Caetano Veloso)

O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso...(2x)

O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso (2x)

O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso...(6x)

E, para concluir... Não podia ficar de fora:

Timoneiro
(Paulinho da Viola)


Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar

E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
- Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar

Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar

A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz