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segunda-feira, 18 de julho de 2005

É sempre mais do mesmo?


Bruno Ganz ou o próprio Hitler?

Confesso que não agüento mais ver filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. Não tenho a mínima paciência para assistir a cenas de judeus sofrendo em campos de concentração, nazistas desalmados queimando livros em praça pública, nem nada parecido. Sinceramente, por mais importante que seja o debate, acho que o assunto já esgotou. Ainda mais no que diz respeito ao cinema, que acaba por tornar banal uma série de atrocidades. E a gente vai se anestesiando, de tanto ver aquelas mesmas imagens... Por isso, evito ver filmes que tratem desse tema. Não consigo deixar de achar que será um tanto repetitivo.

Entretanto, havia tempos que não encontrava minha prima, que estava doida para ver “A queda! As últimas horas de Hitler”. O tipo de filme que nem passava pela minha cabeça ir ao cinema para assistir, por mais que meu namorado dissesse que o ator era muito bom e que devia ser interessante. Mas como a Aninha e o Fábio queriam ir e convidaram a gente, cedi. Por ser mais aconchegante e acessível a todos, escolhemos o Estação Paissandu, no Flamengo.

Boa pedida. O cinema continua confortável, apesar de precisar de algumas reformas... E o filme... Bem, o filme é muito bom! Há quem o critique dizendo que há uma exagerada “humanização” da figura de Hitler. Mas é justamente esse o maior mérito do filme! Não há excesso algum: a caracterização de Bruno Ganz como o ditador nazista é impecável. Além de bastante convincente no papel, ele ainda conseguiu ficar fisicamente parecido com Hitler. Acrescente-se ainda a boa reconstituição histórica e temos um bom filme. Talvez tanto quanto alguns dos meus preferidos, como: “O grande ditador” ou “A lista de Schindler”.

sábado, 2 de julho de 2005

Para quem gosta de Woody Allen...


Radha Mitchell, em dupla interpretação

Há dias, diria até semanas, estou para escrever sobre “Melinda e Melinda”, o filme do Woody Allen que está em cartaz nos cinemas. (Pensei em dizer “o novo filme”, mas acho que este não é o adjetivo mais apropriado, em se tratando de Woody Allen... Não lembro onde, mas li certa vez uma crítica que abordava justamente o fato de que os filmes deste diretor demoravam demais para estrear por aqui. E que isso, geralmente, só acontecia quando ele já estava envolvido em outro projeto. Ou seja, até que ponto um filme de 2004 ainda pode ser chamado de: novo? Novidade é sinônimo de ineditismo?) O chato de escrever tanto tempo depois é que é preciso um certo esforço de memória para lembrar de detalhes etc. Por outro lado, no entanto, creio que fica a essência do filme: se ele não deixou marcas é porque não valia mesmo a pena ser comentado.

Woody Allen é um diretor cujos filmes nem sempre me agradam, mas, ainda assim, não posso deixar de conferir. A “culpada” disso é minha amiga Rosana (que duvido muito que saiba da existência deste blog), pois foi ela quem me fez perceber o quanto um filme do Woody Allen pode ser divertido e, às vezes, até genial. Não saberia dizer qual o primeiro filme dele a que assisti, nem poderia fazer uma lista com os meus preferidos. Nesta, certamente, incluiria “Poucas e Boas” (Sweet and Lowdown). O filme, preto-e-branco, é um falso documentário que conta a história de um fictício músico de jazz: Emmet Ray, que teria sido muito famoso, mas caiu no ostracismo e, por isso, nunca mais se ouviu falar nele. Para tornar a história verossímil, Woody Allen recheia a narrativa com depoimentos de pessoas realmente ligadas ao jazz e capricha na trilha sonora. Para quem não viu, fica a sugestão.

Mas, voltemos ao “Melinda e Melinda”. Antes de mais nada, devo dizer que adorei o argumento do filme: a discussão sobre tragédia x comédia. O filme começa com uma conversa entre amigos, que tentam determinar se a natureza humana é trágica ou cômica. Um amigo conta uma história, cuja personagem principal é Melinda, e lança a questão: trata-se de uma tragédia ou de uma comédia. No grupo, há dois autores teatrais, cada qual com sua preferência. E, para defender seus pontos de vista, eles começam a contar a mesma história, inserindo elementos de um e de outro gênero. Surgem, então, duas Melindas: a trágica e a cômica. Ambas interpretadas pela mesma atriz: a australiana Radha Mitchel (muito bem nos dois papéis). Destaque, ainda, para a atuação de Will Ferrell, no papel de neurótico (que caberia ao próprio Woody Allen).

Tentando resgatar minhas impressões sobre o filme, lembro que saí do cinema gostando mais da história trágica. Mas, no dia seguinte, já tinha dúvidas e a Melinda cômica me parecia mais interessante. Depois, aí é que não sei mesmo... No fundo, a questão vai além de uma simples preferência pessoal, porque qualquer tentativa de dividir o mundo de forma binária tende ao fracasso. A tragédia é, também, comédia. E vice-versa. Aliás, isso fica nítido na própria narrativa de Woody Allen... E, além do mais, gostar de uma não implica em não gostar da outra. O mundo é dialético, ora!