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quarta-feira, 17 de junho de 2009

4 x Teatro

Tenho andado teatral. Não faz muito tempo, cismei de ver o espetáculo O Estrangeiro, com o Guilherme Leme. O preço era convidativo: R$ 25 (e ainda pago meia por ser estudante!), e gosto do Teatro do Jockey, apesar de não ser perto de casa, pois oferece estacionamento amplo e... gratuito. Confesso que não tinha qualquer familiaridade com o texto de Albert Camus e que meu interesse era puramente visual, porque gostei da foto que ilustrava os incontáveis cartazes em preto e branco que vi pela cidade. Fui ao teatro cheia de medo, achando que talvez não fosse gostar tanto da peça – afinal, esta seria ao vivo e em cores –, e me surpreendi. No dia seguinte mesmo, comecei a pesquisar o preço do livro na Estante Virtual. Assim que eu termine Crime e Castigo, juro que compro e leio (se bem que, ok, talvez baixe). Já está na lista.

Minha incursão seguinte, e igualmente recente, aos palcos cariocas foi meio por acaso. Estávamos com um casal de amigos e não conseguíamos decidir o que fazer. Era fim de semana de Viradão Cultural, mas nada parecia muito promissor naquele domingo à noite. Comer, então, estava fora de cogitação: o estômago já estava forrado graças a um farto almoço, ajantarado, no Berbigão. Por isso, o festival Comida di Buteco também não encheu os nossos olhos, e partimos para Ipanema. Nossa parada? Casa de Cultura Laura Alvim. Para ser franca, pensávamos ir ao cinema. Entretanto, o teatro acabou sendo mais vantajoso por aceitar a carteirinha do Clube do Assinante do Globo. Pagamos R$ 40 ao todo, para nós quatro, e vimos Quando as Máquinas Param. De autoria de Plínio Marcos, a peça retrata a dura realidade de um casal – Nina e Zé – que luta desesperadamente para sobreviver: ela costura para fora, e ele está desempregado. O texto é de 1967 e, infelizmente, continua atual.

No último fim de semana, porém, é que tive a melhor das surpresas. Sabe aqueles programas do qual você não espera grandes coisas e acabam sendo extremamente gratificantes? Fui ao Sesc Tijuca para ver a encenação de É Samba na Veia, É Candeia e me deparei com um grande musical. Boas músicas, boa história, boas tiradas, elenco e músicos de primeira. E tudo isso por meros R$ 4 (o preço normal é R$ 16), porque sou comerciária. O espetáculo venceu o concurso de dramaturgia Seleção Brasil em Cena 2007, foi considerado o Melhor Espetáculo 2008 pelo Júri do JB e foi vencedor do Prêmio Shell 2008 de Melhor Direção Musical. Com direção de André Paes Leme e texto de Eduardo Rieche, fica em cartaz até o dia 28 de junho. De sexta a domingo, às 20h. Assistam, porque vale muitíssimo a pena.

E com isso, chegou o domingo. Onde é que eu fui parar? No teatro, é claro. Pretendia ver o Michel Melamed no Teatro Sesc Ginástico, mas dei com os burros n’água. Os ingressos para Regurgitofagia já estavam esgotados, e uma fila quilométrica se montava para a galera comprar os ingressos para o fim de semana seguinte, quando ele encenará Anti-Dinheiro Grátis (segunda peça da Trilogia Brasileira) – a quem interessar, a terceira, Homemúsica – estará em cartaz no fim de semana seguinte. Para não perder a viagem, acabamos no Teatro Sesi, para ver Elisa Lucinda em Parem de falar mal da rotina. Completamente auto-ajuda, mas até que foi divertido. Se servir para as pessoas repensarem suas vidas, refletirem sobre a validade de suas madeixas alisadas e descoloridas, já está valendo. Continuo não gostando muito de poesia, é verdade. Entretanto, respeito Elisa Lucinda. Ela chamou a fofíssima Vó Maria (que encontrei lá por acaso) ao palco para lhe dar flores, sem que nada fosse previamente combinado. Reparar (eis um verbo fundamental na peça) numa senhora de 98 anos no meio de uma plateia lotada e render-lhe homenagens é algo digno de registro.

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