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quinta-feira, 1 de março de 2012

O bolo espatifado

O ano era 2007. Eu ia casar e andava às voltas com os preparativos da festa. Havia acabado de contratar a Kika para botar ordem no terreiro, porque logo me dei conta de que precisava de ajuda. Definitivamente, organizar uma festa para 200 pessoas e definir quem será convidado ou não é muito, muito, muito complicado. Só quem passou por algo parecido sabe como é... É aquele primo distante do seu pai que ele insiste em convidar porque, décadas atrás, chamou para o casamento de um filho. Ou aquela amiga da sua mãe que você não suporta, mas que ela faz questão de chamar. E você não pode dizer não, porque o dinheiro não está saindo do seu bolso... Um inferno.

Naquela terça-feira, eu tinha marcado uma reunião com a Kika para começarmos a definir alguns detalhes do casório, marcado para outubro. Acontece que, naquele dia, 24 de abril, Flávio completava 38 anos e aproveitaríamos também para comemorar. Eu ainda não trabalhava na CNC, mas lembro de ter ido à Casa de Espanha para ter aula à noite. A marajó ainda existia. E, se não estou embaralhando tudo, foi nesse dia que precisei trocar pela primeira vez o pneu do meu carro.

Não faço ideia de quando comprei o bolinho para o Flávio e tampouco sei se foi na Lecadô ou na Tati. Certamente, num dos dois lugares. Lembro, apenas, de sair da aula e descer para o estacionamento, onde peguei o carro e segui para a saída. Chegando lá, me dei conta de que um pneu estava vazio. Ninguém me ajudou sequer a encostar o carro. Muito menos a trocar o pneu. Meu professor passou de moto por mim, rindo, e não deu a mínima. Aliás, foi naquele momento que percebi que não valia a pena manter qualquer relação extraclasse com ele. Liguei, então, desesperada para o Flávio, que disse que estava indo para lá, mas ia demorar.

Eu já havia marcado com a Kika na Tijuca e fiquei com medo de não conseguir chegar a tempo. Então, botei mãos à massa. Flávio chegou quando eu estava terminando o serviço, bem a tempo de me ajudar com os apertões finais. Confesso que me senti meio orgulhosa. Fomos, então, encontrar a Kika no Baobá, que já nem existe mais. Creio que estávamos eu, Flávio, ela, Michelle, Jaqueline e, provavelmente, Juliana. Conversamos, cantamos parabéns, comemos bolo.

Entramos na marajó. Não lembro se todos, mas o que me faz acreditar que a Juliana estava junto é que viramos na Conde de Itaguaí e descemos a Conde de Bonfim em direção à Praça. Seria a única razão para viramos para lá, já que a Michelle mora perto de mim, a Jaque mora perto do Sesc e a Kika, no Grajaú. Na última vez em que toquei neste assunto com a Jaque, ela disse não lembrar desse dia. A Michelle também não lembra direito. Não sei a Juliana...

Bem, tudo isso é porque ontem eu estava andando a pé pela Conde de Bonfim, voltando para casa, e passei pela esquina da rua Henry Ford. Com isso, lembrei do dia em que fiz a curva com o resto do bolo do Flávio esquecido em cima do carro. Pessoas, na esquina, fizeram sinal para me alertar de que havia algo fora de lugar, mas não dei importância. Fiz a curva com vontade e só ouvimos o ploft. Levamos um tempo até identificar a origem do som. Rimos. Decidi escrever porque minha memória já não é mais a mesma e achei melhor deixar registrado. Talvez não tenha sido nada disso, talvez tenha misturado tudo... O tempo é traiçoeiro e prega peças na gente. Não importa. Deixo aqui o que lembrei. Porque o bolo era uma delicia e fiquei chateada por ele ter se espatifado no chão. Antes o tivesse deixado para os garçons.

Nem todo gato que cai da janela tem um fim tão triste
quanto o do bolo de aniversário espatifado...

2 comentários:

juliana alves disse...

Como vc mesma falou, o tempo é traiçoeiro e não me lembro bem dos detalhes... Eu lembro que estava no Baobá nesse dia e tinha mais gente do que vc mencionou... Se não me engano o Glauber tb estava. Mas sou incapaz de lembrar se eu estava no carro... De qualquer forma, ouvi tanto essa história e ri tanto dela, que tenho lembranças de como se eu estivesse l´na hora em que o bolo caiu...

Beatriz Fontes disse...

Mas você tava, né? Só faria sentido eu virar na direção contrária à da minha casa se fosse para deixar você em casa... rs