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domingo, 12 de março de 2006

Nós que aqui estamos... Koyaanisqatsi!


Há muito queria ter escrito sobre este filme. O tempo passou e não escrevi nada: até hoje. O pior é que não há razão aparente para tamanha demora... Afinal, “Nós que aqui estamos por vós esperamos” é um filmaço. E foi um desses casos em que um filme excepcional é servido de bandeja, sem que a gente espere nada.

Foi assim: cheguei à faculdade para assistir à aula de Teoria do Jornalismo e do Audiovisual I, no período passado, e descobri que assistiríamos a um filme. O nome não me era estranho, mas não me dizia nada. A qualidade da fita VHS (pois é, na Facha ainda se usa vídeo-cassete...) era sofrível, pois – se não me engano – o professor havia gravado o filme da TV. Não pude deixar de pensar: “que merda”, mas decidi encarar.

Minha resistência não durou dois minutos. O filme de Marcelo Masagão, criador do famoso Festival do Minuto, é nada menos que genial! Fruto de três anos de pesquisa, este seu primeiro longa-metragem nasceu de um projeto de concepção de um cd-rom sobre o século XX. O cd-rom acabou não saindo por falta de investimento, mas o material recolhido foi aproveitado no filme, que é uma espécie de “colagem” de inúmeras de imagens de arquivo extraídas de reportagens de TV, fotos antigas e filmes. Como analisa Cássia Borsero (Zaz Cinema), “o instinto de destruição que fascinou Freud é o fio condutor de uma montagem que funde imagens a palavras, fatos históricos a uma ficção deslavada, que inventa nomes e vivências para os indivíduos sem nome que também fizeram a história”.


Confesso que saí da sala meio atordoada. Não estou sou muito afeita a esta linguagem de videoclipe... mas causa menos incômodo que assistir a Koyaanisqatsi” – que fui obrigada a assistir em outra aula e, por acaso, também fala em evolução e contrastes: natureza x sociedade –, cuja ausência de diálogos e a rápida transição de imagens chegaram a me dar uma certa dor-de-cabeça. A diferença é que, dessa vez, saí com a certeza de que é possível fazer um bom filme sem gastar tanto. “Nós que aqui estamos por vós esperamos” custou parcos R$ 140 mil. Pode não ser nenhuma esmola, mas não chega nem perto das cifras monstruosas dos dias de hoje. Que sirva de exemplo.


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