Mauro a bordo do fusca azul de seus pais, a caminho de Sampa Na semana passada, precisamente quarta-feira (18/11), retomei o costume de ir ao cinema enquanto espero o horário da minha aula. Cheguei ao
Unibanco Arteplex ainda em dúvida quanto ao que iria assistir. Tinha olhado os filmes em cartaz por alto no trabalho, mas busquei não me fixar em nenhum. Não sabia a que horas chegaria.
Dessa vez, o Flávio não ia e só me pediu que não assistisse ao
“Macunaíma” (sim, está em cartaz, mas agora só no Ponto Cine, em Guadalupe), que ele está louco para ver. De resto, disse que eu visse o que me desse na telha! Era só escolher. Mas, quando finalmente consegui chegar, só me cabia uma opção e ela era
“O ano em que meus pais saíram de férias”, de Cao Hamburguer.
Não sabia bem o que esperar... Confesso que não gosto muito de assistir a filmes nacionais sem me preparar antes. Foram muitas as surpresas desagradáveis que tive até hoje. Bem, não me entendam mal, não acho o cinema tupiniquim ruim em si. Só gosto de me prevenir das bombas, porque – não tenho dúvida – elas existem. Ok, ok... Não são só tupiniquins. E esse
mea culpa já está indo além do que devia. Sua função era apenas explicitar o quão indefesa eu me sentia, sem saber direito o que vinha pela frente. Mas encarei
.
E foi uma agradável surpresa. O filme, narrado pelo menino Mauro, cujos pais saíram de “férias” (tão comuns durante a ditadura militar), é de uma poesia rara. Ele é deixado às pressas na casa do avô, que mora no bairro Bom Retiro, em São Paulo. Um bairro onde vive todo tipo de gente. Desde judeus poloneses como o avô a italianos, passando por gregos etc. Uma verdadeira miscelânea.
O ano em questão é 1970, ano do tri, da Copa de craques como Pelé, Gérson, Rivelino, Tostão, Jairzinho... E afins, porque nem tem cabimento escalar a seleção inteira só para falar do filme, né!? O fato é que os caras jogavam muita bola e Mauro era vidrado em futebol. Aliás, o elenco inteiro. O filme mostra bem como o Brasil parou para ver a Copa.
Mas não vou falar mais sobre o filme porque acho que vale a pena assistir. É raro ver um filme que fale sobre a dureza dos tempos de ditadura de forma tão singela, tão humana. Talvez alguém critique, diga que o filme não é crítico, não é político. Eu discordo. Acho que nada é mais contundente do que o olhar de uma criança. De mais a mais, pense que, se você não gostar do roteiro (e acho difícil não gostar), sobram os lances da Copa. Estes sempre valem a pena!
2 comentários:
Eu já tinha visto algo sobre esse filme, depois que vc falou fiquei morrendo de vontade de ver.Agora que li, tô super interessada em assistir.Se vc quiser ver de novo, e chama.
Beijos
Bia, querida! As cenas no "Bom Retiro" foram feitas em Campinas! Nas imediações da Vila Industrial, onde trabalho. Acompanhei um pouco das filmagens. Foi lindo!
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