Ultimamente, venho pensando em como é difícil observar que as pessoas que nos rodeiam, justamente as mais queridas, da nossa família, estão envelhecendo. A conseqüência - natural, mas nem por isso menos trágica - é que elas vão morrer e vamos, aos poucos, perder nossas referências sociais. Hoje, elas estão aqui. Amanhã ou depois, talvez não estejam mais. É algo inevitável e que nos dá, por vezes, uma incrível sensação de impotência.
É pena, mas esse é um assunto sobre o qual não podemos falar com qualquer um, sob pena de ouvir aqueles velhos chavões: "faz parte da vida", "é assim mesmo", "não tem jeito"... De um sábio conformismo, admito. Sábio, porque, em face ao inevitável, o melhor talvez seja mesmo aceitar e pronto. Mas esse é um conformismo bastante incômodo, que não resolve nada. Na verdade, a pessoa vai continuar triste, a saudade vai bater do mesmo jeito... Ora, por que temos tanta dificuldade em lidar com essa história de morte?
Tenho pensado no meu avô (que já se foi) e, por tabela, no meu pai, na minha mãe, em todos os que ainda estão por aqui e, puxa, como eu queria que não se fossem jamais! Não se trata nem de eternidade, ou coisa parecida, o que eu gostaria era de saber quanto tempo terei com cada um, para poder aproveitar ao máximo. Não seria fantástico? Bem mais seguro, com certeza... Outra coisa que me deixa bem triste é pensar em que coisas passadas e que não vão acontecer de novo. Fotografias ajudam a lembrar, é verdade. Mas eu juro que ficaria bem mais satisfeita de voltar ao passado, observar tudo ali, in loco. Mas nem precisaria ser algo presencial. A vida podia ser, assim, uma espécie de dvd. A gente escolhe a cena a que deseja assistir. Imagina a quantidade de coisas que poderíamos lembrar, repensar, entender...
Entretanto, estamos restritos às lembranças que nossa tecnologia permite. E, talvez por medo, seguimos tratando tão mal nossos velhos... Dói perceber que a jornada deles está chegando ao fim. Dói saber que aquele futuro ali é também o nosso. E dói demais lembrar que, não faz muito tempo, eles eram jovens como a gente, tinham boa memória, andavam sem dificuldade... Caramba, como isso tudo é difícil!!! No fundo, Nelson Cavaquinho é que tinha razão ao cantar:
Sei que amanhã quando eu morrer,
os meus amigos vão dizer
que eu tinha um bom coração.
Alguns até hão de chorar
e querer me homenagear
fazendo de ouro, um violão
Mas depois que o tempo passar
sei que ninguém vai se lembrar
que eu fui embora.
Por isso é que eu penso assim:
se alguém quiser fazer por mim,
que faça agora.
(...)
(Quando eu me chamar saudade, Nelson Cavaquinho)
É pena, mas esse é um assunto sobre o qual não podemos falar com qualquer um, sob pena de ouvir aqueles velhos chavões: "faz parte da vida", "é assim mesmo", "não tem jeito"... De um sábio conformismo, admito. Sábio, porque, em face ao inevitável, o melhor talvez seja mesmo aceitar e pronto. Mas esse é um conformismo bastante incômodo, que não resolve nada. Na verdade, a pessoa vai continuar triste, a saudade vai bater do mesmo jeito... Ora, por que temos tanta dificuldade em lidar com essa história de morte?
Tenho pensado no meu avô (que já se foi) e, por tabela, no meu pai, na minha mãe, em todos os que ainda estão por aqui e, puxa, como eu queria que não se fossem jamais! Não se trata nem de eternidade, ou coisa parecida, o que eu gostaria era de saber quanto tempo terei com cada um, para poder aproveitar ao máximo. Não seria fantástico? Bem mais seguro, com certeza... Outra coisa que me deixa bem triste é pensar em que coisas passadas e que não vão acontecer de novo. Fotografias ajudam a lembrar, é verdade. Mas eu juro que ficaria bem mais satisfeita de voltar ao passado, observar tudo ali, in loco. Mas nem precisaria ser algo presencial. A vida podia ser, assim, uma espécie de dvd. A gente escolhe a cena a que deseja assistir. Imagina a quantidade de coisas que poderíamos lembrar, repensar, entender...
Entretanto, estamos restritos às lembranças que nossa tecnologia permite. E, talvez por medo, seguimos tratando tão mal nossos velhos... Dói perceber que a jornada deles está chegando ao fim. Dói saber que aquele futuro ali é também o nosso. E dói demais lembrar que, não faz muito tempo, eles eram jovens como a gente, tinham boa memória, andavam sem dificuldade... Caramba, como isso tudo é difícil!!! No fundo, Nelson Cavaquinho é que tinha razão ao cantar:
Sei que amanhã quando eu morrer,
os meus amigos vão dizer
que eu tinha um bom coração.
Alguns até hão de chorar
e querer me homenagear
fazendo de ouro, um violão
Mas depois que o tempo passar
sei que ninguém vai se lembrar
que eu fui embora.
Por isso é que eu penso assim:
se alguém quiser fazer por mim,
que faça agora.
(...)
(Quando eu me chamar saudade, Nelson Cavaquinho)
Um comentário:
Bia, respeito o seu sentimento e realmente é muito dificil encarar a morte. O caso é que eu passei a olhar as coisas de outra maneira: acho que as pessoas são idéias e idéias não vão embora nunca! Principalmente se pensamos que as idéias não existem sozinhas, elas são comunhão, isso significa que se uma idéia se vai ela vai só uma parte porque a outra é comunhão e fica com outra idéia.
A morte do meu avô me fez materializar essa forma de encarar as coisas. Seu Basílio, militante comunista, ex-preso político, marido, pai, avô, ele: como figura individual se foi, mas sem dúvida suas idéias estão vivas no meu coração e de quem conviveu com ele e essas idéias estão sendo compartilhada com quem convive comigo, etc.
Você sempre poderá sentir saudades e medo de perder, mas você nunca poderá apagar a idéia de uma pessoa! bjs
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