Sobre Chapeuzinho
Lobo, lenhador, vovó e chapeuzinho à espera do interrogatório
Detesto comentar com tanto atraso, mas acho que vale a pena. Afinal, ambos ainda estão em cartaz. E, bem, acho que foram boas experiências cinematográficas. Pelo menos, para mim... Saí do Arteplex, logo após a sessão do “Deu a louca na Chapeuzinho”, bastante empolgada. Lembro que cheguei a comentar com o Flávio que este é um excelente filme para trabalhar com a questão da linguagem. Excelente para ilustrar como uma versão é sempre uma versão e, portanto, tendenciosa.
Pois é, achou que baixou a professorinha... Lembrei de um livro adorável do Pedro Bandeira, chamado “O fantástico mistério de Feiurinha”, no qual todas as heroínas dos contos de fada se encontram após o era uma vez. Elas estão à procura de uma princesa desaparecida, a Feiurinha do título. Conheci o livro no meu primeiro ano como professora de português da 5ª série. Fiquei apaixonada. Pus minha família inteira para ler... Curtinho e divertido. Todos gostaram muito. O Flávio, inclusive.
Mas acho que a única semelhança que há entre filme e livro é mesmo a temática. E, bem, talvez o fato de ambos serem recriações bem-sucedidas de histórias tradicionais. O filme é muito legal, mesmo. Crianças, certamente, não farão esse tipo de leitura, mas esse lance da linguagem é bem interessante. Explico: além dos personagens repaginados (mais modernos, digamos), a história é tratada como um crime. Pois bem, o lobo invade a casa da vovó, o lenhador aparece... Enfim, tudo tal e qual. Porém, há um flagrante e cada personagem conta sua versão da história. Ou seja, fica nítido que não existe mesmo uma verdade.
Sobre Wood & Stock
Wood e Stock resgatam a antiga banda com um porco nos vocais
Quanto ao “Wood & Stock”, tive o privilégio de assisti-lo no Odeon (que considero um dos melhores cinemas cariocas). Por acaso, era a pré-estréia e calhou de estarem lá diretor e produtora do filme (Otto Guerra e Marta Machado, respectivamente). Falaram meia dúzia de abobrinhas e caíram na besteira de falar que o curta ("Deu no jornal" - cliquem para ver!) que antecederia o longa vinha causando problemas de censura e bla-bla-blá. Pois bem, começou o filme e, embora tenha achando o curta muito legal, confesso que esperava mais. Acho que teria sido melhor eles não terem comentado nada, né!? Fiquei cheia de expectativas, poxa!!!
O longa propriamente dito eu achei um barato. Ri horrores. Mas, realmente, o roteiro é nulo (li vários comentários a respeito disso depois). Não chega a prejudicar o filme, porque as tirinhas, isoladas, são divertidíssimas. A seqüência é o que menos importa, no fim das contas. Então, que se dane se a costura de tirinhas deixou a desejar! Morri de rir com os dois coroas fumadores de orégano... E, putz, a Rê Bordosa dublada pela Rita Lee está hilária. Perfeita! Perfeita!
Em minha opinião, o único porém, em todo o filme, foi a salada de sotaques. Bem, não sei nem se é algo ruim, mas me causou estranhamento na hora. É o seguinte: a fala do Stock é de um paulistanês legítimo. Entretanto, como diretor e produtora são do Rio Grande do Sul (acho eu, pelo sotaque), a trilha sonora do filme é basicamente de bandas gaúchas. Acho até um som bastante apropriado para Wood e Stock, mas penso que entra em choque com o tal “ôrra, meu” etc. Enfim, questão de gosto. Talvez.
2 comentários:
O Wood e Stock é bom. O da Chapeuzinho é formidável. Um roteiro sem furos, interessante e inteligível para adultos e crianças. Muito bom.
oi beatriz
tenho lido muitas críticas do wood & stock, vão de ótimas a horrorosas. gostei da tua. fala bem e mal precisamente.
não sabemos fazer roteiros de longa. não temos tradição nisso. sofremos muito para chegar até aquilo que tu viu lá no odeon. foda-se. a premissa era ótima. o trabalho do angeli tem um puta estofo.
o roteiro é nulo mas não prejudica o filme. a fuder.
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