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quinta-feira, 20 de julho de 2006

Breve comentário a respeito de...

Estamira e Quanto vale ou é por quilo?

Pra quem não conhece: Estamira

Nada como um fim-de-semana ocioso para fazer alguns achados na programação da TV. Pois é, zapeando, encontrei uma entrevista com Marcos Prado (no GloboNews? no Multishow?), o diretor de “Estamira”. Foi decepcionante. Tanto que nem assisti até o fim. Mas, ainda assim, relevante. Explico-me.

Antes de continuar, um breve parênteses para falar do filme. “'Estamira' conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de disturbios mentais e vive e trabalha há mais de 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. Com um discurso eloqüente, filosófico e poético, a personagem central do documentário levanta de forma íntima questões de interesse global, como o destino do lixo produzido pelos habitantes de uma metrópole e os subterfúgios que a mente humana encontra para superar uma realidade insuportável de ser vivida.”

Assisti ao filme já há algum tempo, na faculdade. Lembro que meus colegas de turma ficaram bastante impressionados com as verdades presentes do discurso de Estamira (o que gerou até uma comunidade no orkut!). Chegaram até a pedir que ela fosse chamada para uma palestra ou algo assim. Ao que o professor respondeu lembrando-lhes que Estamira sofre de distúrbios mentais e que, provavelmente, ela não se comportaria conforme esperavam em uma palestra, por exemplo. Particularmente, eu achava que todos queriam era armar um circo onde ela seria a atração principal, a palhaça da vez. Não que eu também não tenha me impressionado com a coerência de seu discurso “louco”, mas penso que ela já havia sofrido exposição suficiente com o filme. Talvez até demais.

Pois bem, voltando à entrevista de Marcos Prado. Em dado momento, a repórter pergunta o que, afinal, Estamira ganha com isso. E ele responde: “Além do dinheirinho que eu dou pra ela todo o mês?” E continua, dizendo que se tornaram amigos, se falam de vez em quando, que ela se preocupa com ele etc. Não sei, talvez não tenha sido intencional. Mas o Flávio (que estava ao meu lado, também detestando a entrevista) chamou atenção para um fato: “Lembra um pouco o “Quanto vale ou é por quilo”, né?” Pois é, tive que concordar (quem viu o filme deve lembrar da crítica que o filme faz a essa coisa de dar uma esmolinha, "ajudar" os pobres etc.). E mudei de canal, de volta ao ao zapping.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pelo que sei o diretor do filme construiu uma casa para ela além de ajudá-la com uma mesada considerável para que ela não passe necessidades. É fácil julgar a complexidade das coisas em uma entrevista de10 minutos. Melhor rever seus conceitos.
Boa sorte

Beatriz Fontes disse...

Eu acho engraçado esse povo que não assina o que escreve... Mas, só pra tentar esclarecer, acho que deixei bem claro no texto que o que me chocou foi a maneira como o referido diretor fez o comentário. Se ela ganhou casa, se a mesada é considerável, que ótimo. O mínimo que ele podia fazer por se promover às custas da doença de alguém que vive miseravelmente era tentar compensar financeiramente de algum modo. De qualquer forma, adorei o filme. Sinal de que diretores devem ser julgados por sua obra e não, necessariamente, pelo que pensam ou falam sobre ela.