Pesquisar este blog

segunda-feira, 30 de maio de 2005

E eu cumpri a promessa: fui ao cinema!



Como disse no no post anterior: decidi voltar a freqüentar cinemas. Sem pipoca, é claro (que senão engorda!). E, para isso, aproveitei a inauguração do Unibanco Arteplex, que fica pertinho da minha faculdade. Consultei a programação e lá fui eu, pretextando apenas conhecer o espaço. Era o primeiro dia aberto ao público, o saguão fervilhava de gente. A livraria, encantadora, estava abarrotada. Os vendedores pareciam assustados com tanto movimento e um deles chegou a me confessar que foram "pegos de surpresa". Parece que a loja abriu sem que eles estivessem prontos, não entendi bem o motivo.

Não resisti. Matei aula, consciente (e até com algum orgulho) para assistir a “Um filme falado”, de Manoel de Oliveira. Fantástico! Uma mulher e sua filha pequena partem num cruzeiro que atravessa o Mediterrâneo com destino é Bombaim, onde devem encontrar o marido/pai das duas. Rosa Maria (Leonor Silveira, linda!), a mãe, é professora de História da Universidade de Lisboa e vai mostrando à filha, a cada parada, o significado histórico dos locais que visitam. Aos poucos, a própria História da civilização ocidental vai sendo contada, da sua origem até os dias de hoje. E, através das perguntas desconcertantes - típicas da infância - feitas pela filha, Maria Joana (Filipa de Almeida, uma fofa...), a mãe se vê obrigada a tratar de assuntos por vezes delicados.

No navio em que viajam, o comandante (John Malkovich), americano de origem polaca, reúne em sua mesa de jantar três belas mulheres. Uma atriz e cantora grega (Irene Papas), uma ex-modelo italiana (Stepania Sandrelli) e uma bem-sucedida empresária francesa (Catherine Deneuve). Cada participante da mesa fala em sua própria língua e é entendido pelos demais, como numa Torre de Babel às avessas... Uma síntese do ideal que se propõe para a Comunidade Européia. Entretanto, o sentimento de "marginalidade" de Portugal em relação à Europa é nítido. Ao mesmo tempo em que louva uma visão eurocêntica de civilização, é justamente a língua portuguesa que não é compreendida pelos demais. A presença da professora à mesa do comandante faz com que todos recorram ao inglês, com seu status de língua ocidental. O fim, então, é emblemático! O filme é de uma simbologia fascinante e, embora o tom didático (da mãe que explica tudo, pacientemente, à filha) da narrativa incomode um pouco no princípio, vale a pena assistir. E debater a respeito.

Nenhum comentário: