Vivemos hoje a praga do “politicamente correto”, uma autêntica ditadura. Somos constantemente monitorados com relação ao que dizer e a como agir. Não podemos ter preconceito, porque não é de “bom tom” e – pior! – podemos até ser multados por isso. Entretanto, a hipocrisia continua. Somos todos preconceituosos, lobos em pele de cordeiros.
Alcoólatras, hoje, são alcoólicos. Homossexuais batalham para ser homoafetivos. Velhos são idosos e os deficientes são portadores de necessidades especiais. Puro eufemismo. Porque as conotações que atribuímos a cada palavra partem de nós mesmos. Deixar de empregar um vocábulo em detrimento de outro, “limpo” dessa carga ideológica, não muda o que pensamos a respeito de nada. É uma questão de tempo para que a palavra eleita como “correta” passe a ter o mesmo sentido pejorativo que julgávamos ter a anterior. Por isso, uma cartilha como a do governo é fadada ao fracasso.
Para o escritor João Ubaldo Ribeiro, uma iniciativa como esta não passa de um “delírio autoritário” (leiam no Observatório da Imprensa). E ele tem razão: esta é uma camisa-de-força inútil. Nossa língua está viva e sofre constantes adaptações. Uma das melhores maneiras de se derrubar tabus é falar sobre eles. Hoje em dia, por exemplo, há uma banalização dos chamados palavrões. E nem sempre eles são empregados de maneira ofensiva! Há quem os utilize de maneira carinhosa, até. Para muitos, “porra” é vírgula e “caralho” é interjeição. “Puta”, então, é advérbio. Ora, palavras como “chato” e “legal” também representam bem essa mobilidade lingüística. Até bem pouco tempo atrás, a primeira era considerada de baixo calão e referia-se ao terrível bichinho que grudava nos pêlos pubianos. A segunda, por sua vez, dizia respeito apenas à legislação... Somos criativos ou não somos!?
Alcoólatras, hoje, são alcoólicos. Homossexuais batalham para ser homoafetivos. Velhos são idosos e os deficientes são portadores de necessidades especiais. Puro eufemismo. Porque as conotações que atribuímos a cada palavra partem de nós mesmos. Deixar de empregar um vocábulo em detrimento de outro, “limpo” dessa carga ideológica, não muda o que pensamos a respeito de nada. É uma questão de tempo para que a palavra eleita como “correta” passe a ter o mesmo sentido pejorativo que julgávamos ter a anterior. Por isso, uma cartilha como a do governo é fadada ao fracasso.
Para o escritor João Ubaldo Ribeiro, uma iniciativa como esta não passa de um “delírio autoritário” (leiam no Observatório da Imprensa). E ele tem razão: esta é uma camisa-de-força inútil. Nossa língua está viva e sofre constantes adaptações. Uma das melhores maneiras de se derrubar tabus é falar sobre eles. Hoje em dia, por exemplo, há uma banalização dos chamados palavrões. E nem sempre eles são empregados de maneira ofensiva! Há quem os utilize de maneira carinhosa, até. Para muitos, “porra” é vírgula e “caralho” é interjeição. “Puta”, então, é advérbio. Ora, palavras como “chato” e “legal” também representam bem essa mobilidade lingüística. Até bem pouco tempo atrás, a primeira era considerada de baixo calão e referia-se ao terrível bichinho que grudava nos pêlos pubianos. A segunda, por sua vez, dizia respeito apenas à legislação... Somos criativos ou não somos!?
P.S.: A tal cartilha desagradou a todos mesmo. O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ivan Junqueira, fez coro com João Ubaldo Ribeiro e aproveitou para atacar a polêmica publicação do governo na cerimônia de abertura da 12ª Bienal Internacional do Livro, no Riocentro. Leia mais no site especial da Bienal do Livro, no Globonline.